terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Brasas esverdeadas

Acendi um incenso e li as frases escritas nas minhas paredes
Sentei-me sozinho na cama antes de preparar o café
Senti a brisa que vinha da manhã que não era normal num Dezembro
Antes de sair da cama peguei meu cigarro e meu isqueiro
E te acendi junto ao cigarro
Te acordei do sono profundo que dormia dentro da minha cabeça
Já pedi tantas vezes para que você desapareça
Mas daqui você não sai
Teu sorriso ainda me atrai
E é aquela velha história: penso sobre a morte e sobre seu sorriso o tempo todo
Mas, para mim, as duas coisas são uma só.
E eu não sei me desligar disso.

Olhei para o céu na esperança que caia água
Mas do céu eu só recebi os sorrisos das nuvens e o calor do sol
Lembro de ti até vendo futebol
Ainda não afoguei nenhuma mágoa.
Levantei e peguei o cinzeiro que estava ao lado do notebook
E voltei para a cama.
Dormir mais uma hora, talvez? Afinal, eu preciso.
Há dois anos não sei o que é dormir direito.
Você sempre invade meus sonhos outra vez, e outra vez, e outra vez...
Daqui não sai nada
E cê nem é mais a namorada
Que tanto sonhei na adolescência.

Por que será que ainda me sinto assim?
Por que será que sinto tanta vontade de conversar de novo contigo?
Será que é remorso por ter dado alguma mancada?
Eu não sei. Honestamente, não sei.
Terminei o cigarro, bebi o café e você ainda não foi embora.
Às vezes desconfio que tu tenhas duas casas.
Uma, a sua, onde mora. A outra, meus pensamentos. Meus desejos.
É complicado, cara. Para mim é muito complicado.

Dia vinte e seis, logo após o Natal, eu vou viajar.
Mas não é para algum lugar, fisicamente, perto de você.
É para um lugar onde eu consigo estar mais perto de mim
E
Mesmo tão longe
Um lugar onde eu consiga te sentir perto. Sussurrando em meu ouvido.
Me chamando de apelidinhos idiotas e carinhosos.
Já não quero sentir isso.
E dentro do peito a solidão ecoa.
Não quero mais pensar em você.
Eu quero sofrer por outra pessoa.

Saio do quarto e te deixo na cama, até a hora em que resolva me atazanar novamente
No meio da rua
Na carne crua
Na pele nua
Fazendo com que a água que tanto quero ver cair do céu
Acabe caíndo dos meus olhos.

Eu não sinto saudade.
Eu não vejo tv.
Eu sinto é vontade
De sumir com você.
E botar aqueles planos em prática. Talvez eu deva esperar...
Porque, assim como tu mesma disse, "o nosso tempo ainda nem começou"...

... Sai de mim para que eu possa voltar.
Mas volte daqui duas semanas,
Para colorir o coração
Que quando te vê ferve em chamas.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Acácio não quer acordar no dia de amanhã

Pensar ainda incomoda um bocado
e eu já nem sei mais o que temer
nem o cigarro tá me ajudando essa noite
será que, por deus, desaprendi a escrever?

Sou amigo das páginas em branco
e o meu sofrimento ninguém vai deter
será que se eu for dormir agora
amanhã já conseguirei esquecer?

Meus olhos reprovam a ação da minhas mãos
com tanta pancada na cara a vista vai escurecer
este corpo não aguentaria mais um dia ensolarado
que custa sair do mundo sem que eu tenha de envelhecer?

Um carro que passa em alta velocidade,
um sorvete que, ao sol, põe-se a derreter
será que se eu fumar outro careto agora
amanhã eu tenho a sorte de já morrer?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Me faria um bem sair desse mundo de trapaceiros

Não quero mais acordar no dia seguinte
Sentir o cheiro podre do machismo ainda
Imperando pelas ruas do meu bairro.
Não quero viver num lugar onde a polícia
Atira pra matar em toda viela da minha
Periferia.
O mundo é um péssimo lugar e eu já não
Tenho nenhuma esperança de que um dia
Essa merda toda vá mudar. E pensar nisso
Me consome. Consome meu tempo. Consome
Minha vida. É por causa disso que eu quero
Sair de uma vez dessa jogatina fétida que é
Viver.
Quero chegar até o posto da esquina do Mariano
Comprar doze litros de gasolina e beber na frente
Dos olhos dos frentistas. Quero morrer ali mesmo.
Sem luxo, só o lixo. Quero chegar no mercado
E comprar uma gilete para fazer a barba. Chegar
No caixa para pagar e rapidamente cortar a garganta
Sangrar por todo o corredor dos enlatados e ver
A moça que opera o caixa chorando desesperada.
Sinto vontade de aprender a dirigir apenas com
O intuito de pegar os cento e vinte na Manoel
Ribas e acabar, com sorte, acertando um Ligeirinho.
O foda é que eu acabaria causando estrago para
Outras pessoas. E eu não quero isso. Porque elas,
Tão diferentes de mim, têm vontade de continuar a
Viver nesse mundo sujo.
Aborta a missão. Vai comprar pão. Faca no coração.
Caminho até o viaduto que tem perto da Rodolatina
E ensaio um salto - literalmente - mortal.
Acabo caindo na frente de um caminhão carregado
De cimento. Sem tempo. Sem tempo pra lamento.
Meu corpo é dilacerado pela rodovia e ninguém
Parece se importar. É como se eu fosse só mais
Um cachorro velho que perde a vida para as rodas
Gigantes daquele veículo.
Acordo do pesadelo - ou será do mais belo sonho?
Percebo que é só mais um dia onde tenho que
Ir para a faculdade. Dizendo bom dia para os cobradores
E recebendo como troco a cara de ódio e desprezo.
Bom dia pra quem, sem otário? SEU OTÁRIO!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Devaneios do viajante sem cabeça

Às vezes, à noite, eu fico perdido.
Perco os rostos e não me sobra nada.
Sinto-me acoado sem o brilho no olhar
Um soldado em meio à guerra sem espada.
Tento fugir da solidão que me assola
Corro por aí pra poder pegar a estrada.
Não tenho o cheiro do seu cabelo
Nem o fervor da namorada.
Perdido nas linhas em que escrevi,
Dentro desse quarto,
Ponho-me a morrer
Com a cabeça cortada.

sábado, 1 de novembro de 2014

Ferida aberta com sangue pulsando

Já faz uma Copa do mundo que a gente não se fala. Já foram-se dois horários de verão que a gente não se fala. O Corinthians foi campeão do Mundo há quase dois anos, mas nessa época a gente ainda se falava. Teve manifestações nas ruas do país, teve gente famosa e gente anônima morrendo. O Blues Velvet fechou as portas. O Cu de Fora agora tem versão oriental. No 351 rolou BNegão. As festas no DCE às sextas continuam custando três pila pra entrar. O cabelo do Rafão cresceu. Meu cabelo está a crescer. Perdi a virgindade. Meus pais foram pra Telêmaco depois de tempos longe de lá. Escrevi muitos poemas, muitos contos, muitas coisas ainda sobre você. Agora tenho um gato, o nome dele é Paçoca. Você nem liga, sei que prefere cachorros. Alkaline trio e Brand new não mais machucam meus ouvidos, o que sinto hoje é um suspiro que sai do peito pela boca e carrega teu nome. Já foram-se dois malditos horários de verão que a gente não se fala. Dois!  Terminei outro namoro. Beijei bocas. Reapaixonei-me diversas vezes. E ainda penso em você todos os dias.

Peço desculpa caso minhas linhas acabem sendo escritas sobre você. Teu nome vai estar pra sempre junto comigo. Tenho muita certeza do que sinto - por completo, não me desfarei nunca de você.

Um beijo com carinho!

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sem nome mas com nome

Alegria é algo muito raro
Sem mancada, é algo que eu não tinha.
Mas consegui sentir o seu cheiro
Quando tua boca encostou na minha.

Era como se eu fosse
uma fogueira
que por falta de lenha
se apaga.
Várias garotas rodeavam-na
com violões e lanternas
e mochilas.
Eu me apaguei.
As gurias foram embora.
Então, você chegou... E trouxe
munição nas mãos,
cabeça e coração e,
com muito cuidado,
reacendeu-me.
E eu te amei por isso.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Toda sexta-feira é a mesma história

          "Qual a política dos nossos desejos?"

          Chegou a sexta! O dia em que várias pessoas saem de sua rotina semanal e buscam sentir o lado doce da vida. Cada um tem a sua fuga. Cada um parece não ir muito com a cara dos dias que vêm antes dentro da semana, deve ser por isso que amam tanto a sexta-feira.

          Para mim, ela também é um dia especial e já começa diferente do resto. Nos outros dias existem fantasmas que costumam assombrar o lugar que mais habito - meu quarto. E é muito chato quando o seu lar não é mais tão confortável. O que será que acontece com os fantasmas na sexta? Será que também curtem como nós, meros mortais? Vai ver o trabalho deles é me atormentar durante a semana e na noite de sexta, como todos, ficam longe de seu trabalho habitual. Safados!

          Lavei o cabelo na noite passada e isso o deixa muito do meu grado na sexta. Eu gosto. Me sinto bonito pra caralho e isso é muito bom. Acabo trocando uma ideia mais suave com meus pais. A gente gargalha. As sextas deles são diferentes também. Saio de casa esperando pra ver uma mina de Letras que sempre está no ônibus em que pego na vila. Seus cabelos e óculos me encantam muito. É muito legal poder ir até o terminal com essa tua beleza. Espero que um dia leia isso.

          Toda sexta é a mesma história. Me sinto bem com meus traços, minhas curvas e imperfeições. E isso aguça a saudade e a vontade de beijar na boca. Não vou mentir pra você, leitor, eu saio toda noite de sexta com essa chama acesa e ardendo dentro do corpo. E até não escondo de ninguém. Quando vou pra faculdade, sei que vou acabar me apaixonando quarenta e tantas vezes - às vezes, pelas mesmas pessoas de sempre. Mas eu não conto pra ninguém.

          Quando a aula acaba, eu e meus amigos temos o costume de nos encontrarmos para tomar cerveja e falar da semana e das novidades de cada um. Dois dos meus brothers  estão namorando e as meninas são super queridas. É massa de ver a galera sorrindo pro amor - mais bonito ainda é o amor sorrindo de volta. Corro o risco de ver minha ex-namorada com o novo namorado dela. Mas esse fantasma não me amedronta mais. Se a vida acabar por nos colocar cara a cara novamente, cumprimentarei-a com um abraço e um aperto de mão no seu novo rapaz, desejando o amor aos dois. Não tem motivo para querer o mal a eles. Não tem porquê desejar o mal onde o amor está imperando.

           A noite cai e hoje ela tá quente. Vai ter gente pra caralho no bar. Vai ser muito lindo poder rever os amigos e ver os corpos bonitos dançando no baile ou à luz da lua. Outra coisa que desperta aquela velha vontade de beijar na boca. Tudo, na sexta, é muito alegre, mas eu tenho o pequeno problema de não conseguir dizer tudo o que quero. E eu sempre acabado indo embora com a vontade ainda maior. É isso o que eu odeio em mim. A gente vive num sistema emocional onde o menino tem que dizer as intenções à menina e eu simplesmente não consigo fazê-lo. E, por deus, como eu me odeio por isso. A noite acabou, dei muita risada e foi muito agradável, porém, zero beijos.

           Toda sexta-feira é a mesma história.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Hermes Aquino é meu único amigo essa semana

Eu tô passando por uma confusão muito, muito brutal dentro de mim. Não tô com vontade de responder mensagens, de conversar ou ver ninguém, de sair de casa pra ir à faculdade quanto mais sair de casa no domingo pra ser mesário das eleições. A única coisa que tem me confortado é o disco do Hermes Aquino e as canções de Belchior. Não me sinto estimulado a fazer nada. Não me sinto animado pra ir ao bar beber cerveja com xs amigxs. Não quero fazer nada. Quero ficar deitado na minha cama o tempo todo. E nem dormir eu tô conseguindo. Não me lembro de quando foi a última vez que me senti tão desmotivado. É foda. Não vou mentir, eu sinto saudade das pessoas sim, mas é algo mais forte que eu. Gostaria que vocês entendessem isso. Choro sem querer a todo momento, acendo um cigarro pra tentar me acalmar mas isso não tá funcionando. 

"Já não precisas mais voltar pois na tua volta quase nada vais achar.
Já não preciso de você. Me fiz poeta inspirado no sofrer."

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Desencontro de Primavera

Quero que a felicidade guie teu caminho.
Que nas ruas da tua vida tu encontre amor.
Não hei, nunca, querer o mal pra você
Espero que a paz se faça presente aonde for.

Desejo alegrias pra alguém que já não tenho do lado
Mesmo não sabendo o que se passa pela cabeça dela.
Na noite de hoje não vou sair pra ir ao cinema
Prefiro ficar em casa vendo novela.

Um desencontro que a primavera promove
Com o passar do tempo fico mais gordinho.
Teu velho-novo amor meu coração comove
E aqui no meu canto eu lamento sozinho.

sábado, 27 de setembro de 2014

Comecei a escrever na aula e terminei de escrever ouvindo Noel Rosa em casa

     Chegamos em casa depois de um dia cheio. "Preciso tomar um banho para me lavar da chuva!".  "Tudo bem. O banheiro é por ali", então, eu disse. O trinco da porta do banheiro se fechou. Consegui ouvir do quarto. Enquanto você tomava banho, tirei um colchão da cama para colocar no chão e dormir. "Ela dorme na cama", pensei, "é mais confortável". O chuveiro foi desligado. Cerca de cinco minutos depois você saiu do banheiro. Junto ao seu corpo, eu juro, consegui notar uma brisa de amor sobre sua pele. Eu senti amor, mas não falei nada. Depois disso, enquanto teus pés te levavam até o quarto, meu coração disparou como nunca havia feito. Teu amor me alcançou.

      Você andou até a porta com a toalha enrolada em seu - belo - corpo. "Tu me empresta roupa?", perguntou. Falei que ia pegar um shorts e uma camiseta no outro quarto. Quando voltei, você estava deitada no colchão do chão, onde eu pensava em dormir. "Você fica na cama. É mais confortável", lhe alertei. Cê disse que preferia no chão. Insisti, então tu exclamou: "Então dorme comigo!" e eu congelei. Faltou-me o ar. Várias coisas se passaram pela minha cabeça. "O que um simples abraço quer dizer?", caralho! O que isso tem a ver? Pensei "tô bobo. Tô passada!". "Quero!", eu respondi.

     Pediu para que eu, ainda em pé, apagasse a luz. Eu o fiz. Deitei ao teu lado virado para teu corpo. Você estava virada para a parede, diante disso, te convidei: "Não quer conversar?". "Claro, estou sem sono. Mas não pode acender a luz" e assim foi feito. Conversamos sobre muitas coisas, demos muitas risadas. Falamos sobre filosofia e sobre ex-namoradas. Perguntei "Prefere de luz apagada por quê?", "Posso chorar e ninguém vê". Ao responder, imediatamente peguei sua mão e beijei sua testa. Ainda não acredito que realmente fiz isso.

     Chegamos às 3h47 e a neblina nos dava boa noite. Nós dois depois de conversar, rir e chorar, decidimos dormir. Falei pra você que reparava na bunda de todxs. Você, com sono, perguntou: "E a minha?", eu, tão sem jeito, respondi que era linda. Antes de dormir, pedi para pôr a mão sobre teu corpo e você riu e disse "Achei que nunca fosse dizer isso! Pode, sim", e terminou de dizer com um sorriso. Botei a mão na sua cintura. Escorreguei pelo seu quadril, fui até o joelho e voltei. Subi aos seios e acariciei. Passei na curva da cintura, senti as covinhas das costas e agarrei sua bunda. Nisso, me descuidei e você riu, enquanto me acariciava também, selou aquele momento com um beijo muito molhado. 

     A noite não tinha terminado e você perguntou se eu tinha proteção. Disse meio encabulado que sim, pois havia pego tempos atrás com um brother, mas nunca usei pois o namoro acabou pouco tempo depois. Você, com desejo na saliva da boca, disse que, enfim, iria usar. E a noite seguiu o curso natural. Esse quarto testemunhou o momento em que não fizemos amor, mas, sim, que o amor nos fez. Repetidas vezes. Obrigado, você fez com que esse corpo cansado sentisse a vida novamente.

     

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

vntds x sdds


vontade de cheirar tua nuca
de fazer sexo até cinco da manhã
te acordar com chá de maçã
e te amar como nunca.
beijar teus pés de unha pintada
de ouvir seu gemido com meu nome
de saciar nossa loucura, nossa fome
por uma noite ser tua namorada.

vontade de morder tua curva
passear com os dedos por teu seio
acabar por vez com esse anseio
deixar a visão meio turva.

não se deixar esquecer
que, a nós, o tempo pertence
e à noite somos reféns.
antes do sol amanhecer
perder-se no veneno da serpente
e fazer dos teus os meus bens

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Mais uma carta que, ao invés de entregar para quem escrevi, acaba guardada e mofada na minha gaveta

Eu me escondo de você. Escondo muito do que sinto, porque você não merece alguém errado desse jeito. Não falo o que se passa na minha cabeça e finjo que está sempre bem. Se, de vez em quando, eu choro, é porque eu tenho um certo limite. E nesses dias eu me escondo mais ainda pra não te ver chorar, porque sei que gosta de mim. Eu queria conversar mais com as pessoas, porque você diz que conversar é bom. Mas eu não consigo. Eu queria, também, gostar um pouco mais de mim, mas você sabe bem que eu nunca fui bom nisso. E o tempo tá passando. Nosso tempo juntos tá acabando e eu aprendi muita coisa contigo. Eu te amo demais. E o fato de eu não gostar da minha cara, dos meus pensamentos, do formato do meu nariz ou do meu peso não tira o amor que guardo pra ti. Só peço desculpas por não ser alguém exemplar e estar longe de ser alguém que mereça amor também. Você sabe que dentro de mim tudo é escuridão. Mas uma brecha de luz que se abre carrega o teu nome.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Perdido em 33 rotações


Roendo as unhas até jorrar sangue
Escrever com os dedos deteriorados.
As gotas caem sobre o teclado
Fica vermelho, tão vermelho de paixão.
Alegria pegou o último trem para Aokigahara.
E lá prepara a corda para dar fim à vida.
Minha alegria agora viaja para se dar cabo
Minha angústia me consola sentada na cama.
Uma espécie de tremor gelado
Faz um puta sol lá fora mas chove no meu quarto.
Cai chuva dos discos, do teto e, é claro,
dos meus olhos.
Meu cigarro clareando a madrugada
Faz com que algo brilhe aqui dentro.
Meu peito dilacerado pelas tuas mãos
O carinho que nunca mais receberei.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Cause you don't love me anymore

Ele fantasiava a morte no quarto.
Sempre pensava em quem não o amava.
À noite, enquanto seus pais dormiam
Em segredo com sua gilete se cortava.

Ele gostava mais das pessoas azuis
Do que as que viviam com sorriso na cara.
Pensava em sexo a quase todo momento
E guardava em si a mais secreta e suja tara.

Ele cresceu vendo seus pais brigando todos os dias
Enquanto seu irmão mais velho no álcool se afundava.
Até mesmo Deus decepcionava o pobre menino
E todas as noites, quietinho, em seu quarto chorava.

Ele fumava cigarros como se fosse uma chaminé
Não sabia qual era a sensação de ser amado.
Não acreditava em histórias para crianças
Sangrava tanto pelo corpo que já havia se matado.

Ele gostava das canções mais tristes do mundo
Porque apenas essas letras eram do seu agrado.
Tomou uma quantidade absurda de remédios
E no porão de sua casa seu corpo foi encontrado.

"Why does my heart go on beating?
Why do these eyes of mine cry?
Don't they know it's the end of the world.
It ended when you said goodbye."

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Tereza & Tomas

— Você me pegou pelo braço
Fez com que meu corpo quebrasse.
Não aguento mais viver essa merda
Estou vivendo em um horrível impasse.

— Foi tu quem procurou essa dor
E causou a si mesma essa porra!
Melhor ir pra longe com essa flor
Antes que esse daqui morra!

— O que mais queria era ver você chorando
A perda de alguém tão especial pra ti.
Você nesse tempo todo só me fez sofrer
Mesmo com todo o amor que reparti.

— Vi você olhando nos olhos daquele rapaz
Já disse que a culpa foi toda sua.
Você quer entrar no quarto e fazê-lo gozar?
Você quer se deitar à sua cama toda nua?

— Seu bosta! Não aguento mais uma palavra calada
Agora, cortarei por completo nossa relação.
Não vê que isso que cê faz me deixa puta?
Não vê que cê só sabe partir meu coração?

— Nojenta! Saia já dessa casa
E, de nós, leve cada fotografia.
Pode ficar com os anéis e colares que te dei
E as cartas com tua podre caligrafia.

— É bom mesmo que não venha atrás de mim.
Longe dessa tua barba serei muito mais feliz!
A próxima vez que encostar no meu corpo
Não hesito em, certeiro, quebrar-te o nariz!

... Só se ouve pegadas geladas e um choro copioso.
O que será que Tereza teria feito a Tomas?
O que será que Tomas teria feito à Tereza?

— Escute: você nunca verá meu rosto novamente
Será bem mais feliz com uma outra qualquer.
Agora preciso sair logo desta merda
Para que encontre outra pessoa para fazer de mim mulher.

— Peço perdão por todo meu ciúme doentio
Compreendo sua decisão e apoio com louvor.
Saia logo antes que briguemos de novo
Não me faço de forte e já não suporto a dor.

— Adeus, seu lixo!
Não soube aproveitar o que te dei.
Viva com a consciência pesada
E perceba que não fui eu que falhei.

A noite de Tomas acabou de tomar as formas
Nunca tinha passado por uma tão forte treta.
Afogado em remorso ele tirou sua vida
Com a arma que guardava, em segredo, na gaveta.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Troy Von Balthazar

Uma saúde quase nada sadia
Vazio parece que fica o coração.
Minha aventura mais legal do dia
É derrubar o cinzeiro cheio no chão.

O gato rebola pedindo comida
A chuva cai pra molhar a grama.
Um bocado de coisa pra conquistar na vida
Mas no bolso não tem nem sobra de grana.

Dia triste, céu cinzento e ritalina
Com saudade na boca como o que tiver.
Mais um dia sem o sorriso de menina
E sem outra possível alegria qualquer.

A noite chega e às 5h me ponho deitado
A aventura do homem triste chega ao fim.
Tanta dor no outro qu'eu poderia ter evitado
Transforma-se agora numa puta dor no rim.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

So let's just see what happens when the winter ends

Depois de alguns meses, trombei você de novo
E foi bom.
Foi como se eu me sentisse dentro dum sonho meu.
Conversar com você e poder ver um sorriso teu escapar foi bom.
Aquela massageada que deu em meu braço
Como quem diz "e aí, como é que cê tá?" foi boa também.
Até o adeus foi bom.
Imaginando como deverá ser passar mais meses sem a tua presença
Sem acordar e te ver do meu lado.
Sem passear de mãos dadas.
Sem o teu carinho gratuito
E tua falta de atenção às minhas palavras.
Quero te encontrar qualquer dia e ver como cê continua bonita
Como a nova cor dos seus cabelos destacam teus belos olhos.
Peço para que passe aqui em casa se te der vontade
A gente pode fumar um cigarro dentro do meu quarto.
Podemos tomar café enquanto cê olha meu gato que ainda não conhece.
Ouvir algum disco que lembre da gente,
Como aqueles que te dei,
Ou aqueles que cê me deu.
Ouvir "Something" e te dizer como é estranho o jeito que ela toca,
O jeito como entra em mim e sai tão você.
Dar risada disso
E terminar, sem querer, num encontro gostoso de bocas.
Por deus, que saudade de te beijar...

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cinza é a cor mais fria

Uma dor incrivelmente forte bate em meu peito. Arregaça tudo de bom que tem dentro das entranhas da minha memória. E, como de costume, não sei lidar com isso. É uma mistura de incapacidade com medo. O mesmo medo que assola corações solitário dessa cidade. Não sei. O que aconteceu comigo? Eu estava bem há quinze minutos atrás. Não faço ideia do que me tornei, o que se tornaram minhas ideias e planos e agora me vejo perdido dentro do meu quarto escuro. Enquanto isso, o sol brilha soberano lá fora e não há uma única nuvem colorindo o céu. Tá tudo azul. Enquanto aqui dentro e aqui dentro de mim, tudo parece morto. Tudo parece tão sem cor...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

I will never see you again

Cê tá cada dia mais distante
Aposto que mal lembra do meu nome.
Pra mim você está ainda mais viva
E lembrar de ti é como ter fome.
Cê nunca mais cruzou meu caminho
Tua beleza nunca passou na minha rua.
Teus olhos verdes não pegam meu ônibus
Nunca, na vida, tornarei e te ver nua.
Volto a escrever sobre você
Como tanto já fiz e você nunca leu.
Podemos, sim, se quiser, sermos amigos
E cê me dá aquela paz que me prometeu.
Sua tatuagem para sempre estará em minha pele
Meu castelinho de areia, com tuas mãos, destruíste.
Pelo andar da carruagem, nunca vou te ver de novo
E confesso que isso me deixa um pouco triste.

domingo, 15 de junho de 2014

'Fala comigo quando quiser', 'Se tiver insônia me manda uma mensagem', 'Vou esperar você vir falar comigo'. Qualquer um desses cabe aqui.

Passei mais uma noite de junho
Contando quantas estrelas haviam no céu.
Acho bonito quando a gente conversa
Por isso tive de escrever num papel.
Cê não visualiza seu WhatsApp desde ontem
E eu, na falta do que fazer, fui fuçar seu Instagram.
Queria muito ter passado essa noite conversando
Dizer que dos teus desenhos eu sou muito fã.
Estranho esse carinho que criei por sua pessoa.
A gente mal se fala e quase nunca nos vemos.
Dia desses sonhei que a gente até namorava
Será que é essa a sorte que nós temos?
Isso pode soar um pouco meio confuso
Porque as palavras simplesmente saem da minha mão.
Queria te acender uma chama dentro do peito
Enquanto nesse inverno cê esquenta meu coração.
Bagulho louco esse lance de sentimento
Olha as coisas que escrevo logo pela manhã.
Se 'lar' é o lugar onde tiramos nossas armaduras
Dentro da nossa casa cê nem precisa usar sutiã.
Enquanto cê dorme há quilômetros de mim
Acredito que estejamos juntos em pensamento.
Porque quando ouço sem querer o som da sua voz
Dentro da minha cabeça não existe mais tormento.
Imagina se a gente fizesse umas histórias juntos
Teus desenhos colorindo minha velha poesia.
Enquanto a gente tiver perna pra correr
Vou desejar sentir contigo a maresia.
A gente pode cozinhar ou andar de bike
Sei que cê não curte o cheiro do meu cigarro.
Enquanto chove podemos ouvir música no quarto
Trocar alguns beijos ao som de Cätärro.
(sdds romantismo)
Poderia mudar alguns hábitos pra tê-la aqui
E você nem ia precisar me passar pano.
Talvez eu voltasse a andar de bicicleta
E quem sabe voltaria a ser VEGetriANO.
Isso pode soar um pouco meio confuso
Você se arrepende de algo que eu tenha falado?
Antes de dormir vou ver seu vídeo de novo
Só pra ter o gosto de ir dormir apaixonado.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O mais fiel about me de minhas redes sociais

Não mereço nada de bom que venha de outra pessoa. Não faço por merecer a janta que minha mãe prepara, então parei de comer. Não faço por merecer o dinheiro que recebo, então parei de gastar. Não mereço o troco da passagem de ônibus que o cobrador me dá. Não mereço os sorrisos da garota da praça das nações. Não mereço nada de bom que venha das pessoas. Não mereço ir à festas porque não faço nada. Deixo de estudar, deixo de cumprir obrigações, deixo de comparecer às aulas. Eu mereço tudo de ruim, de podre, de fétido, de odioso, de feio e de sujo. Eu sou a peste. Um parasita impregnado nas entranhas dos meus pais. Só nasci pra dar despesa. Sou o mais puro lixo e tudo que vem de mim tem cheiro de chorume. Não se aproximem de mim.

domingo, 25 de maio de 2014

Ao invés de estudar para os exames finais estou ouvindo Tame Impala às seis da manhã do domingo

A gente brinca dizendo que quer morrer
Sem saber que você morre todo dia.
Isso afeta seja o bebê do presidente
Ou seja aquele mais antigo boia fria.

Cê sai de casa morrendo de sono
Cheio de sono cê cruza as ruas e vielas.
Cê trampa a manhã toda e morre de fome
No almoço se entope de batata e costelas.

Escolhi morrer de uma forma bem comum
E que tantas pessoas já sabem dessa dor.
Optei por viver com outra pessoa
Para poder morrer de amor.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Desprezaste esta lei de Augusto Comte e foste ser feliz longe de mim

Por Deus, que sentimento é esse? Sinto vontade de quebrar minhas mãos de tanto esmurrar minhas paredes. Quero partir meu pescoço em dois e sentir minhas veias do corpo desconexas e desconsertadas a jorrar sangue por todos os lados. Não sei nem como me portar diante de um sentimento desses e não sei, muito menos, qualificar ou nomear essa porra.
Sua imagem sorrindo, linda e sexy não sai da minha cabeça e isso tem me deixado louco. Não consigo me concentrar no Hegel nem no Comte e tudo o que eu queria agora era o glamour e desespero do coma. Sei que pode soar como pecado, mas, vou fazer o quê? É o que eu sinto. Só eu sei do meu corpo e da minha dor.
O som do Explosions in the sky, que costumava confortar minha presença e servir de calmante também me alucina. Quero sair do meu quarto e correr quilômetros até te encontrar e te beijar por mais uma vez. Quero ajuda mas, no fundo, não sei se quero. Às vezes penso que me sentir assim, perdido como estou, seja meu desfecho. Meu celular toca e eu não quero atender, os amigos chamam para um vinho e eu não quero atender, mensagens chegam ao WhatsApp e eu não quero ler. Quero me concentrar nessas merdas de texto para ir bem na prova de sexta, mas esse sentimento cinzento não sai do meu céu. A mocinha sempre mexe com a cabeça do rapaz, e isso é o que tá rolando comigo. Vai ver eu só precise conhecer gente nova. Em paradoxo, não quero sair de casa nunca mais e eu cansei de conhecer as pessoas somente através do que elas me escrevem nos chats.
Que tremenda peleja. A cada dia, viver como vivo é uma aventura nova. Não sei como vou acordar amanhã e nem como estarei daqui dez minutos. Só queria que você parasse de ser tão linda e que parasse de vir visitar minha cabeça. Na parede da memória, o seu retrato é o quadro que dói mais.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Morango

Grito e suplico por ajuda
Mas ninguém aparece pra me salvar.
Tenho de cortar minha coxa carnuda
Para que tenha do que me alimentar.

A cena aqui dentro é horrorosa
As baratas comem meus restos mortais.
Sou uma pessoa muito medrosa
E agora tenho de viver igual aos animais.

Da minha fruta favorita
Não tô comendo nem o caroço.
A vida é uma coisa muito estreita
Nos confins deste calabouço.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Pelo pouco que eu conheço a vida eu não posso me queixar

As provas estão todas em cima da mesa
Tudo o que você precisa é escrever.
Em sua cabeça nada é com clareza
E por mais uma vez você vai se foder.

Nunca fui de ficar triste por causa de um número
Pra mim é só mais um que coloco na conta.
Pensamento babaca, né, rapazeada?
Dos números passados eu só quero os da ponta.

Preciso me curvar diante dos estudos
Senão ficarei mil anos a mais na faculdade.
Minha natureza é aquela dos estúpidos
E meu corpo tá num riacho de maldade.

Quando tiro uma nota ruim nos exames
Eu penso sempre eu cortar meu pescoço fora,
Penso em me jogar do viaduto do Orleans
Penso em me enforcar num pé de amora.

Os velhos fantasmas vêm sempre para tomar mais um café
Enquanto os bons pensamentos ficam perdidos no vento.
Preciso acertar meu barquinho sujo dentro dessa maré
E da minha atenção e destreza quero ver o aumento.

Por hora, o recado que deixo é como uma nota de suicídio
Que todos os demônios em minhas coxas tenham de correr
Comparo meu fracasso nessa bateria de estudos
Como se fosse o próprio demônio a morrer.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Tinder

A modernidade é a principal arma do ser humano
se você não está conectado aos aplicativos
todos seus amigos te chamarão de insano
mesmo antes de comerem seus aperitivos.

A internet e digitalização fazem as pessoas se aproximarem
por outro lado, em paradoxo, sempre distancia os amigos.
Quando saem em grupo todos ficam em seus celulares
com a cabeça e atenção voltadas para seus umbigos.

No meio da roda da cerveja um pergunta para o outro:
"— E aí, pegou aquela mina da blusa amarela?"
"— Nem vingou, mano. A mina tinha os dente tudo torto,
Desse jeito, nem que fosse a Cinderela."

Chegar nas garotas, para Maurício, nunca foi algo fácil
mas a tecnologia fez com que ele saísse do buraco.
Colocou em seu telefone um aplicativo pra conversar
pra tentar fazer de Maurício um menino menos fraco.

Na telinha do seu telefone de bolso
aparecem os mais diversos rostos da cidade.
Ele escolhe as que lhe chamam a atenção
selecionadas por distância e por idade.

Coração verde a uma gatinha de cabelos vermelhos
Rejeitada, no entanto, é a guria de sardas pelo rosto
Outro coração pra morena que usa óculos de armação grossa
Tudo sigiloso e seguro, como é de seu gosto.

Uma coisa continua a afligir o pobre rapaz
Ele não conseguiu conversar com nenhuma delas no tal aplicativo
O avanço das salas de bate papo pelo mundo
fizeram com que ele desistisse de ser agressivo.

Nenhuma notificação de conversa com a menina ruiva
e aquela outra das setenta coisas em comum já era.
Ele não desiste de tentar achar uma companhia
e sentado ao lado do aparelho ele espera.

Dias se passam e nada do bagulho apitar
Maurício começa a se sentir feio e sem atrativo.
Ele acende mais um outro cigarro
e infeliz ele deleta o aplicativo.

domingo, 13 de abril de 2014

Dormir nunca foi tão difícil

Tem vez que cê se pega muito desanimado
não sente vontade nem de pegar o pente.
Caminha até a cozinha à procura de um salgado
come e vai dormir sem escovar o dente.

Cê rola de cama de um lado pro outro
e não consegue se concentrar pra dormir.
Levanta e vai à procura de um gole d'água
na cabeça mantendo atos que não pode assumir.

Então você volta à cama na esperança de apagar
mas aquela certa pessoa em ti está grudada.
Na imaginação ela não para de te abraçar
mas na realidade ela nunca foi sua namorada.

Levanta novamente e vai fumar um cigarro
desabafa todo o penar para seu gato de estimação.
A falta de sono se torna algo bizarro
e teu peito fica tomado por um sentimento de aflição.

Não é fácil dormir.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Facebook

Agora tenho uma page no Facebook!
Curte lá. A maioria das coisas que eu postar lá são coisas daqui do blog, mas faz o favor:

Neto Lisboa

Beijas.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

eu sou um erro

eu quero tirar meus olhos do rosto e esmagá-los com as mãos sujas de areia.
quero gritar tão alto que até a cidade de mairiporã vai me ouvir.
não faço ideia do que escutar e isso me deixa louco
porque sempre funcionou da música começar a me acalmar.
preciso sair de casa e ir pra faculdade dentro de meia hora
mas eu não quero sair do meu quarto
eu quero vomitar. vomitar no chão da sala.
cair fraco junto ao vômito e morrer afogado nele.
por deus, o que me tornei?
será que me sinto assim porque não sou o filho planejado?
será que me sinto assim porque sou o último filho?
eu só dou desgosto pros meus pais. eu sou um erro.
acendo um cigarro mais pra ver se algo se melhora
mas não dá. tudo é muito frágil.
castelos de cartas vivem a cair em todas as partes
caem como eu caio aos pés do salvador com o questionamento:
"por que, deus? seu filho da puta!"

segunda-feira, 31 de março de 2014

Um outono em Aokigahara

Pensei que essa seria a decisão certa
mas dentro de mim acho que algo mudou.
Não consigo entender o que rola na minha cabeça
não faço ideia pra qual lado da rua eu vou
talvez o certo seria esquecer o teu nome
viver longe de quem eu fui, perto de quem sou.
É estranho conviver com esse zumbido nas orelhas
viver longe da pessoa que um dia tanto gostou...
Já não nos vemos há mais de duas semanas
e parece que uma parte de mim, contigo ficou.
Hoje só existem migalhas e os restos mortais
daquela pessoa que um dia cê diz que amou.

domingo, 23 de março de 2014

sun kil moon

passei o domingo todo um pouco cinza
como se nenhum raio de sol tivesse me penetrado
um pouco confuso com minha situação
ouvindo o disco novo do sun kil moon
e tentando me concentrar em projetos da faculdade
mas nada parece certo
minhas ações dizem o contrário do que eu parecia querer
e eu me sinto arrependido
e meu peito vive carregado
carregado de saudades
carregado de vontades
e eu só queria passar esse domingo cinza deitado contigo.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Por las calles de Curitiba

Fico triste com um bocado de coisa
E até por coisa que eu nem lembro.
Às vezes planejo quando é que vou ser atropelado
Às cinco da tarde na Sete de Setembro.

Não sinto mais o gosto das frutas
Maçã, melão, uva, pêra e mimosa.
Perco dias imaginando como seria
Ser atropelado por um vermelhão na Rui Barbosa.

Penso até na música em que eu estaria ouvindo
Meus fones estourariam com Balaclava.
Mas essas coisas eu só imagino
Quando acontecem na Visconde de Guarapuava.

Passo no China da Tiradentes
Compro um litrão e um pastel.
Subo até o último andar do prédio
E meu corpo cai numa rua do Batel.

Acabou por acontecer de um jeito bem simples
E hoje minha mãe dormirá aos prantos.
Meu corpo acabou de ser acertado
Por um caminhão em plena Edson Campos.

Too cold

Donniezinho sabe como eu me sinto

sábado, 1 de março de 2014

Desenhei a melhor imagem de mim dilacerando corpos, cortando os pedaços de quem eu amava

Estou cansado de imaginar coisas tristes. Puto por sentir esses fantasmas em minha volta. Não aguento a pressão que faço comigo mesmo e não consigo suportar este peso que está em minhas costas. Não quero mais imaginar que minha namorada não me ama. Não quero mais imaginar o funeral dos meus amigos mais próximos. Quero viver com a imagem da minha casa sendo assaltada fora da minha cabeça. Quero não ter que visualizar o rosto dos meus pais queimando. Quero não mais imaginar eu me esfaqueando, chorando no meio do sangue enquanto soluço. Não tô a fim de conviver com meus demônios - nem sei o porquê de chamar isso de demônio, já que imagino o próprio bem mais suave. É uma e vinte da manhã e estamos todos longe de casa. Não quero mais imaginar o fracasso da minha vida adulta. Não quero mais pensar em como o cigarro me atrapalha quando corro. Não quero mais pensar no fato de que sou o tio que não presenteia as sobrinhas. Quero ter uma vida normal. Com minha gata Azazel a miar perante a mim me pedindo leite. Ouvir meus LPs do Belchior dentro do meu quarto enquanto chove forte lá fora. Comprar pão às cinco da tarde e passar um café não tão forte. Escrever meus textos, poemas e contos na sala de casa - seja com caneta ou seja com o teclado do meu computador. Quero receber as visitas aos fins de semana e tentar encontrar uma fuga desse jogo sujo. Caralho, como eu odeio quando as canções tristes do Colligere fazem sentido.
Preciso correr mas ainda não sei pra onde. Não quero ter de noticiar meus mais chegados sobre minha própria morte. Mamãe precisa ser forte ou meu psiquiatra precisa aumentar a dosagem dos meus remédios. Não sei. Tá tudo um pouco confuso.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Nunca foi tão fácil cuspir no prato em que comeu

o corte profundo foi feito na região onde o braço dobra.
sangrava por tudo e o chão ficou todo avermelhado.
raiva dentro do corpo dessa moça é algo que até sobra.
e esse grande corte foi feito pelo babaca do seu namorado.
em briga de faca você não pode ficar perto senão é cortado.
de ódio também era cheio o escultural corpo do rapaz.
jocasta sorrindo dizia “eu não quero mais ter namorado!”.
mas terminar com pedro é uma coisa que não se faz.
ela cansou das noitadas regadas a cocaína e bebidas importadas.
enquanto ele planejava o que fariam no próximo carnaval.
agora jocasta está com a barriga e pernas todas cortadas
pela briga de faca que fazia seriamente com seu rival.
já cansados no meio da cozinha do pai do garoto.
jocasta se aproveita da fraqueza dele e esfaqueia seu peito.
cuspindo na cara de pedro ela diz “morra, escroto!”.
e toda suja de sangue ela se orgulha do seu feito.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Preciso parar de imaginar o funeral das pessoas que amo

Tenho que parar de fantasiar a saudade que sentirei
as lágrimas que derramarei
e as confissões que farei. Nem tudo na vida são flores.
Nem todos terão flores.
Preciso parar com isso. É mórbido e triste.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

'Meu pai', assim como a canção

Eu sei que a gente nunca teve muita ligação.
Mesmo sempre morando dentro da mesma casa.
Quando eu voltava da escola sem animação.
Nunca corri pra debaixo de sua asa.

A gente nunca dividiu nenhum segredo.
E, na minha infância, nunca fomos muito amigos.
Eu até hoje não sei do que cê tem medo.
Mesmo tendo enfrentado vários perigos.

Quando eu tinha lá meus quinze anos de idade.
Eu chorava no quarto por não te conhecer direito.
Eu andava pelas ruas de Santa Felicidade.
Tentando consertar o meu pior defeito.

São incontáveis as vezes em que eu pensei em morrer.
Pela falta que sentia de um abraço do senhor.
Sinto que falta pouco pra sua vista escurecer.
E eu não quero provar deste amargo sabor.

Queria que cê tivesse uma vida longa e saudável.
Mas penso que sua partida está se antecipando.
Com o passar do tempo, tornei-me alguém mais amável.
E agradeço por, da minha mudança, você ter participado.

Hoje em dia a gente até que troca uma ideia.
Amo quando abre a porta do quarto pra me contar piada.
Sinto orgulho quando digo que cê era da boleia.
E que, desse Brasil, cê conhece cada estrada.

Hoje, ao colocar música para eu ouvir.
Ao ver seus olhos carregados não pude suportar.
Sem querer a gente ao mesmo tempo começou a rir.
E um abraço no meu velho eu tive que dar.

Fico pensando o que farei depois que você se for.
Apesar da sua ausência na infância, eu amo você.
Para te dizer essas coisas eu teria que ser ator.
Pois há vergonha dentro de mim, apesar de não parecer.

Queria que o senhor lesse essas linhas que te escrevo.
Mas sua visão já está falha e bem cansada.
Fico contente por ter te ensinado o que é relevo.
E por ter te apresentado uma namorada.

As palavras me faltam pra terminar seu poema.
E você só vai ler quando eu lançar meu livro.
Quando as coisas apertarem, peço-te, não tema!
Pois o senhor mesmo me ensinou que ninguém é de vidro.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fumando com as unhas roídas

É foda quando você não consegue parar de roer as unhas. Não acham? Você fica de um a três dias sem roer nada, mas, depois desse tempo, elas parecem suculentas. Você se pega fissurado numa vontade imensurável de voltar a comer as unhas. Então você começa - um dedo, outro dedo, mais outro e mais outro. De repente elas acabam, mas, você não consegue esperar mais três dias para deixá-las crescer, então rói o que sobrou. Rói o canto dos dedos. Rói até sangrar. O sangue começa a escorrer de uma das unhas da mão direita e cai sobre a mão esquerda. Enquanto você come unhas, você bebe sangue. Começa, até, a sentir algo prazeroso em fazer isso. Tudo o que queria era dar uma pausa nessa vontade. Ter hábitos diferentes, mas você se sente amargurado e angustiado o tempo todo - e isso te convida a roer as unhas. Você aprendeu a fumar tentando parar com esse vício. Colocou outro vício à mostra pra tentar quebrar a hegemonia que era roer as unhas. Mas você é fraco. Você chora, rói unha e fuma.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Rua Augusta

O tic tac do relógio nunca me pareceu tão perigoso
o fim de uma longa espera nunca me botou tanto medo
noites em claro com a tv desligada nunca foram tão chatas
fumar um cigarro na frente de casa nunca foi tão glorioso.

A vida tem sido feito das três da tarde às seis da manhã
os horários invertidos têm acabado com minha disposição
se estivesse sozinho, com certeza estaria pior
e só tenho a agradecer às pessoas ao meu redor.

Uma espera por uma chamada me assusta
não sei como devo reagir se esquecerem do meu nome
acho que terei de voltar ao trabalho
porque senão, na casa de mãe, começarei a passar fome.

Voltar ao trabalho no mesmo lugar odioso de sempre
ou contar a verdade ao médico?
Dizer que perto daqueles trastes eu sou outro
eu sou louco
violento
odiável.

Contar a verdade costuma machucar fundo...
... Não quero mais me machucar
mas também não quero mais mentir.
Como eu me sinto realmente?
Acredito que vocês nunca saberão...

Sinto vontade de ser eliminado de vez em quando. Odeio o modo como minha cabeça pensa.
Deveria correr pra debaixo das saias do padre, mas a vida me ensinou a não ter crença.
O modo como as coisas andam cospem na minha cara as mais verdadeiras tristezas do mundo.
E mentindo para todas as pessoas queridas, foi como escolhi me machucar fundo.

Deixem-me morrer em paz.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Está morto o menino

Doente permaneço com as rimas me faltando
padeço em prantos na cama fria do hospital.
Enlouqueci as enfermeiras louras gritando
que dentro do meu peito se fez um forte temporal.

Cada tosse que sai pela minha boca ressecada
é a consumação do meu estado deplorável.
Enlouqueci a empregada que subia a escada
dizendo que a felicidade não era algo palpável.

A voz tímida que mora dentro da minha boca
agora clama por um único momento de paz.
De tanto enlouquecer as pessoas, tornou-se rouca
e nessa cama fria de hospital meu corpo jaz.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Um outro tom de cinza

Uma vontade enorme de baixar os discos do Nirvana e comprar uma camiseta do Mayhem e uma do Bathory. Fazer café e passar a madrugada acordado sem fazer nada. Às vezes folhar "A Metamorfose" que foi emprestado pela namorada. Ouvir Carissa's wierd e fumar alguns cigarros da carteira que o pai comprou à tarde.

Ir ao banco receber do inss. Andar de bicicleta. Esperar a próxima chamada da UFPR. Ficar angustiado com a espera pela próxima chamada da UFPR. Andar de bicicleta de novo. Suar. Amar. Pegar ônibus e amar mais. Visitar os amigos ou esperar para que eles me visitem. Fumar outro cigarro...

Esses dias estão estranhos. Fevereiro tá estranhamente cinza. Um cinza que é um início em cor.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

complicado

passei anos da minha vida tentando entender
o que acontecia com a juventude depois de velho
tentando saber o que rola por de trás dos panos
compreender como é que uma lágrima escorre sem querer.

complicado.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Alzheimer

setenta e dois anos nas costas
minha esposa está a preparar o café
na bagagem, perguntas sem respostas
usando chinelo com meia e chulé.

a velhinha tem se produzido muito
apesar do derrame tê-la deixada avoada
hoje ela mal se lembra do meu nome
ou que um dia foi minha namorada.

cuido dela porque nossos filhos não ligam
preferem ver seus velhos jogados no asilo.
é impressionante como essa história é real
e impressiona como há quem faça aquilo.

minha velhinha é tudo o que tenho
preparo seu banho e faço nossa janta
às oito da noite a gente deita no sofá
e fica coberto com a nossa manta.

setenta e sete anos nas costas
uma aposentadoria magra de dar dó
o laço do meu amor por essa velha
estará pra sempre marcado com esse nó.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Grey

Uma estranha semelhança com o passado
e uma vontade de morrer muito louca.
Tá mais fácil, com o calor, morrer assado
do que arrancar um sorriso da minha boca.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Tolice

Clarinha era uma adolescente normal
exceto pelo fato de ser viciada em remédio.
De tanta paranoia que havia em sua cabeça
Clarinha acabou por se jogar de um prédio.

Romeu era um menino muito bonito
que agora rasteja de remorso para subir as escadas.
Tudo porque Romeu não sabia perder
e acabou por matar seus pais a facadas.

Kevin não sabia como contar ao pai que era gay
por isso se escondeu por dentro de outra faceta.
Seu pai desconfiado com as atitudes do filho
acabou por matá-lo com a arma que guardava na gaveta.

Bianca era uma menina linda do sobrado da rua 27
mas teve contato com drogas pesadas aos dezesseis.
Hoje ela vive num viaduto que tem indo pra Ponta Grossa
com os filhos bastardos da mãe de vocês.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Alegria chegando sorrindo e a tristeza se indo para outro lugar

Ainda sou novo mas já consegui perceber
que se tomo os remédios fora de hora
é porque algo em mim está desregulado.
Só que não é algo qualquer
são as emoções e a enxurrada de pensamentos
ruins que insistem em bater à minha porta.

Tenho só vinte e um anos
recém completados
ouço sambas alegres pra ver se melhora
ligo o ventilador pra ver se melhoro
nada parece ter resultado
tento ocupar minha cabeça
afinal
cabeça vazia, cês tão ligados, né?

Bebo água com o gosto das pílulas
minha mãe olha espantada
ela sabe que no fundo
algo dentro do peito
quebrou... outra vez.

Amanhã não somos dois

Eu morri aquela hora mas não contei pra ninguém.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Bottled

De todas as comidas que tenho comido ultimamente
Você é com certeza o meu melhor tempero.
Essa noite vou dormir com as roupas que usou na noite passada
Porque elas ainda estão agarradas com o teu cheiro.

De todas as bocas que têm falado comigo ultimamente
Você traz a que tem minha sinfonia favorita.
Essa noite vou poetizar seus olhos e seu corpo
Porque nunca conheci uma garota como você, Thalita.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O inimigo, mais uma vez...

É bom vocês não me deixarem isolado
pois assim, sozinho, estou a correr perigo.
O tempo passou e estamos em 2014
e ainda me mostro meu pior inimigo.

Esse câncer é você

Consigo sentir o gosto do câncer descendo pela garganta.
Esse câncer é você.

Céu em chamas

Eu posso estar de coração limpo
carregado de coisas boas
cheio de amor correspondido
cercado de sorrisos por todos os lados
mas
é como o vento que vem do sul
é como a noite que vem depois do dia bonito
é uma certeza crescente que assola minha vida
como se fosse um sopro num castelo de cartas
tudo cai e tudo volta ao que era antes
lágrimas podem até escorrer dos olhos
palavras de desconforto podem sair pela boca
tudo por causa de um par de covinhas que não está mais aqui há meses.

Tem coisa que a gente não escolhe
o sofrimento nunca foi de opção.

Eu posso estar tranquilo
mas é como andar de bicicleta:
tem coisa que a gente nunca esquece.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Chuva que cai ao som de Elliott Smith

Teve uma vez que a gente tava no ônibus, voltando pra casa de um rolê no Gaúcho. A gente tinha tomado muita chuva e estávamos todos meio frustrados porque o Skate burger não estava mais aberto e todos queriam comer pizza. Sentaram os meninos nos últimos bancos e ela sentada virada pra mim num daqueles bancos individuais, saca? Eu fiquei olhando pra ela, ela parecia estar um pouco puta da cara porque não ia mais comer pizza, mas quando olhava pra mim, fazia um sorrisinho lindo e me lançava. E eu lá olhando pra ela. Pensando em como ela fica bonita com o cabelo todo zoado de chuva, como ela fica bonita com a maquiagem borrada e como ela fica bonita sem batom nos lábios. Ela é tão bonitinha que até roncando, agora, ao meu lado, tá bonitinho. Essa menina é muito linda.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Bavaresco

Não sei bem o que tá rolando dentro de mim
parece mais um mix de sentimentos
você veio na hora certa, quando eu mais precisava
num dia que, para mim, era marcado de coisa ruim
e nos encontramos na frente de um bar cheio de garrafas de cerveja pelo chão.

Rachamos uns goles daquela bera e demos bastante risada
"ei, me dá um cigarro?" foi uma das primeiras coisas que te disse na vida
e nunca poderia imaginar que chegariamos ao estado em que estamos
o estado de sentir saudade
o estado de doer o peito de saudade
e acho muito legal a gente ser do mesmo estado, se é que me entende...

Na mesma noite ainda cantamos Belchior
eu pude observar que cê era mesmo diferente.

Adoro seu inglês correto. Adoro o fato de você fazer letras.
Adoro seu riso bobo, suas espinhas e imperfeições
que são tão completas pra mim. Adoro seu corpo.
Adoro suar meu corpo encostado no seu. Adoro mesmo seu corpo.

Gosto de quando cê me belisca nas banhas da minha barriga.
Gosto de quando cê me morde
ou sussurra no meu ouvido dizendo que me ama.
Você é ímpar. Ainda desconfio que você seja uma pira minha de LSD, realmente.
Não é possível que cê seja assim tão a minha cara.
O que eu faço com você, hein, menina?

Quero viajar contigo pra Superagui mais vezes.
Quero te ver nadar nua naquelas águas da praia deserta.
Quero mais fotos da gente juntos. Quero fotos suas. Quero você por completa. Pra mim. Só pra mim.
A decisão mais sábia que tomei na vida foi escolher você para me deflorar... E a gente, porra, se conhece
há menos de um mês.

O que eu faço com você, garota?

Eu não sei ainda se o que tô vivendo é real ou fantasia
Enquanto cê se faz de macho, para você me transformo em fêmea.
É muito louco pensar nessas coisas que acontecem na vida
Será mesmo que cê é a minha alma gêmea?