quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Evap orar

Imagina que lindo
se a gente evaporasse
e voltasse
no momento certo das nossas situações.

Como seria mais fácil
se ao invés de correr
pudéssemos apenas evaporar

Saudade

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Coti di anos

Deitado na cama na maior parte do seu tempo. Dias com camisa, noutros dias com o peito cabeludo à mostra, de cuecas ou com shorts quase sempre do seu time do coração. Preto ou branco. Às 8h45 ele acorda para tomar um dos remédios. O remédio que o ajuda a não ser a caça de si mesmo. O remédio que o ajuda a não ser refém de si mesmo. Quando volta a dormir, é pra acordar só depois do almoço, coisa que tem tirado muito peso dele. Às 15h ele liga o notebook e fica horas e horas sem fazer muita coisa. Às vezes olha a ex namorada e lembra de como ela estava certa em deixá-lo de lado pra cair nos braços de outro. Assiste episódios sorteados de sua série de tv favorita que tem baixado no computador. Ri. Chora. Tudo vira um mix de sentimentos com pitadas ácidas de angústia. De vez em quando sua mãe abre a porta pra perguntar se ele vai jantar ou como está se sentindo. A voz rouca é sempre característica e sempre sai para dizer à mãe poucas palavras afirmativas de que, sim, está com fome e pretende jantar. Quando são 18h30, mais ou menos, ele pega o celular - hoje, já sem conversas no whatsapp - e vai até a pracinha ouvir música. Quando tem gente sentada no seu banco favorito, ele volta pra casa e se deita na cama. Está com saudade de namorar. Antes das 20h a janta está posta à mesa e ele se alimenta com alegria. É estranho ver uma pessoa assim, tão saciada e tão cheia de vida parecer morta. Depois da janta ele escova os dentes, muitos dos dias, numa hora dessas, deve ser a terceira ou quarta vez que está lavando a boca. Volta à cama. Na televisão ele assiste às mesmas coisas. À noite, tenta uma comunicação com algum amigo via internet, mas todos estão ocupados. Todos estudam ou trabalham no meio da semana. Vasculha uma saída na sua pasta de músicas. João Coração, O inimigo, Everyone everywhere, Eddie Vedder... Ele nunca sabe o que escutar. Às vezes escreve. Na sua página da internet ou no caderno para reviver. No caderno tem coisas de sua ex namorada. Ele sente saudade - hoje, já não é tanta. Às vezes chora outra vez antes de desligar o computador. Assiste mais televisão e toma o outro remédio. O remédio pra controlar a raiva. O remédio que dá sono e traz o outro dia. Dorme por volta das 3h pra repetir todo o processo no dia seguinte.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Into heart. Over heart.

Acaba de escurecer aqui em Curitiba
e desde que acordei
você está em meus pensamentos.

Sei que parece estranho dizer isso, linda
mas está na hora de você me deixar em paz
e não se apossar mais de meus sentimentos.

A gente costumava dizer que não teria fim
bem, a vida nos mostrou que fins são possíveis
e eu te peço, agora, deixe que eu te esqueça.

São quase oito da noite de um domingo
que se manteve igual aos dias de dezembro
onde tudo o que dizia te trazia à minha cabeça.

Como um pássaro que voltou à gaiola
ou um bebê sem sentidos que chora
sinto-me perdido sem você agora.

Linda, a dor não é tão glamurosa, de fato
e você já não deve me chamar como fez hoje
então, por favor, saia de mim e vá embora.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

17h50

Visitei nesta tarde meu novo amigo Fê
vou à casa dele numa sequência de quinzenas
gosto de sua companhia e da sua casa
é um apartamento na parte legal da cidade
fica no sexto andar e eu consigo ter uma visão legal lá de cima.

Das vezes que fui lá, em poucas delas saí seco
quero dizer que sempre acabo soltando lágrimas
no meio das nossas conversas.
Às vezes minha mãe entra junto na sala
porque ela também quer saber o que há de errado
e eu odeio chorar na frente da minha mãe.

Ele me deu um presente: um remédio novo
diz que esse vai tirar coisas ruins da minha cabeça
saí de lá com sua promessa de melhora
e com esperança viva de melhora
mas não saí seco
acabei chorando muito na frente da minha mãe.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Contato:

Oi.

Caso alguém se interessar

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Beijos.
Falem comigo... por favor.

Quintazinza

Hoje eu deixei de ir trabalhar porque tinha muita coisa ruim na cabeça
pedi para ser mandado embora há um mês e não sei se é isso o que quero hoje
meu chefe vai ficar todo atarefado porque, sem mim, ele fica perdidinho
e eu preciso agir rapidamente antes que outra dúvida me apareça.

Meus dias durante a semana têm sido todos iguais e eu estou cansando
sempre com as mesmas preocupações idiotas e pensamentos ruins sobre tudo
quando a Camila me disse adeus, não sei, vai ver foi a coisa mais certa que ela fez consigo mesma
porque aguentar alguém como eu deve ser mesmo um saco.

Hoje eu vivo sem a emoção de estar sendo amado e não sei o que fazer do trabalho
fico tentando criar justificativas dentro do quarto e escrevo em papeis pequenos
todos os medos que tenho e depois dou descarga neles. Não ajuda muito
mas é uma forma de, sei lá, me encorajar a fazer alguma coisa que preste.

Viram só? Bato muito na mesma tecla e ela nunca diz nada
"fazer alguma coisa", "pensar demais". Caralho, por que isso precisa ser tão difícil?
eu queria saber se alguém realmente lê isso aqui e o que vocês acham de eu pegar
poemas ruins aqui do blog e compilasse eles num livrinho só.

São 21h52 e eu tô ouvindo um disco muito bom do Bright eyes
amanhã vou ao trabalho, à tarde, para conversar com o meu chefe e ser mandado embora
ficarei em tratamento em regime semiaberto no conforto do meu lar, perto de quem gosto
o foda é que tem uma mola do meu colchão que tá com a ponta pra fora e ela me incomoda.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Inimigo

Sentado na mesma cadeira de espera
espero que alguma coisa mude
na sala principal ou na sala de baixo
por entre corredores intermináveis
de portas brancas numeradas
onde guardam corações perdidos
corações quebrados
corações loucos e amarelados
de onde vem uma moça de branco
branco como as paredes
branco como as portas numeradas
uma moça com uma bandeja de frutas
frutas em formatos de cápsulas coloridas
frutas amargas, pequeninas,
dessas que irritam a garganta e você tem que tomar com água
dessas que te acalmam e fazem você parar de chorar
não gosto muito de comer essas frutas
mas vivem dizendo que é pro meu bem

sábado, 9 de fevereiro de 2013

CdPS

E é assim
meio que de repente
que você percebe que certas coisas devem parar de andar.
Uma música deve parar de arranhar seus ouvidos,
um nome deve parar de te dar socos na cara,
para que as coisas, enfim, voltem ao normal.
Não sei o que ocasionou tanta dor dentro de mim.
Deve ter sido a certeza do infinito
a parada brusca e inesperada numa noite de dezembro.
Alguma coisa que deu errado,
algum momento em que agi errado...
Sei lá.
Ainda assim, apesar de tudo o que passei em mim
apesar de conflitos, cortes profundos, cicatrizes abertas
você continua sendo minha saudade mais sincera.
Eu fico feliz de ver que você está feliz. Você é linda e merece tudo de melhor
e conversar contigo, para mim, sempre será um prazer.
Até quando quiser.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Rotina

Têm noites em que eu saio do meu quarto, às 2h46, por aí, e subo no muro da minha casa pra ver o movimento quase zerado da rua. O céu está meio rosado. São as nuvens que deixam ele com essa coloração numa hora dessas. Tento botar todos meus pensamentos confrontantes com a insônia ajeitados. Às vezes acendo um cigarrinho pra ver o tempo passar, pro vento bater na minha cara, cuspir-me algumas verdades. Às vezes, também, lembranças inquietas insistem em me atazanar. São como feridas abertas que sangram de vez em quando... E é com elas que me deito todas as noites. Fico no meu muro por cerca de vinte, trinta minutos e vou pra cama. Nesse meio tempo passam carros bem devagarinho pela rua. Passam assustados. De certo o motorista pensa "Mas o que esse louco tá fazendo acordado nesse frio?" e ele nem desconfia de como é difícil ser eu. Ter praticamente tudo e ainda se sentir incompleto, chorar por pouco ou quase nada no meio da rua ou, até mesmo, torcer para que algum dos carros o atropele. Sei lá, acho que preciso de um outro cigarrinho. Merda. Já são 3h57...