quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Neil Hilborn e o TOC

Quase três da madrugada. O ano está acabando. Hoje já é doze de dezembro e faz frio em Curitiba. Lá fora chove. Garoa. Chuva fria que cai sobre minha cabeça de cabelos sujos. A camiseta é a mesma do Dance of days de dias atrás. Dói meu dente. O siso inferior da direita tá começando a nascer e me deixando louco. Logo agora, no fim do ano, quando eu e meus amigos estamos com vontade de viajar, passar meu aniversário na praia, essa porra começa a doer. Nunca é tarde para se foder mais uma vez.

Acendi mais um cigarro. Não vou lá fora fumar porque tá chovendo. Vou fumar aqui mesmo. Essa noite abriu meus olhos. Estive assistindo ao vídeo do rapaz com TOC que perde a namorada, tão ligados? Ele usa o TOC pra falar dela, de como ele agia e de como costuma agir depois do relacionamento. E, juro por Deus, é exatamente como eu me sinto. Vocês podem dizer "mas você nem TOC tem, seu idiota", e eu com a boca cheia de remédios vou mostrar que a medicação forte que tomo também é pro TOC. E, sim, escrever TOC sempre em caixa alta também é TOC.

Eu tava com medo de assistir a esse vídeo. Vi dezenas de pessoas compartilhando ele no Facebook, mas fiquei com medo de assistir. Fiquei com medo de me identificar. Fiquei com medo de que suas palavras não saíssem da minha cabeça. Fiquei com medo de me encontrar nas palavras daquele bonito rapaz. Sim, ele é bonito e você pode estar pensando que, para ele, deve ser fácil namorar. Deve ser fácil encontrar uma outra namorada. Mas as coisas não são tão fáceis quando cê tem TOC.

Talvez se esse vídeo tivesse sido lançado ano passado, as coisas teriam sido menos conturbadas. Não pude deixar de comparar a história dele com a minha. Como vocês já sabem, eu tive uma namorada. Escrevi sobre ela aqui algumas vezes e eu estava bem feliz. Mas acabou. E depois que acabou, não sei, nunca mais nos falamos. Até tentei manter contato, mas ela nunca quis. Vai ver que pra ela ex's não podem ser amigos ou ter algum tipo de convivência. No vídeo, ele diz "... Ela me disse que eu estava tomando muito o tempo dela." e "... Me disse que não deveria ter deixado eu me aproximar dela, que tudo isso foi um erro". Sabe... Isso dói um pouco dentro do meu peito. Dói como o meu dente do siso. É como se eu também não devesse ter me aproximado dela. É como se, molhado de lágrimas, eu fosse algum perigo por querer estar ou falar com ela a todo momento. Talvez tivesse sido muita pressão por parte minha, talvez tenha sido muito sufocante, mas nunca foi por mal.

E, mais uma vez parafraseando Neil Hilborn, o rapaz do vídeo - "Eu não consigo sair de casa e achar alguém novo porque eu sempre penso nela". Pois é. Um ano se passou e eu me apaixonei de novo. Saí com pessoas novas, conheci pessoas novas, mas eu nunca deixei de pensar nela ou nas coisas que ela poderia estar fazendo, as companhias que ela poderia estar tendo, os caras ou as gurias que ela poderia estar beijando. De certa forma, pensar nela consumiu boa parte do meu ano, mas nunca vi isso como algo ruim porque ela significou uma coisa muito boa em minha vida. Caralho, olha o tamanho desse texto. Já estou no meu terceiro cigarro... Não sei se hoje eu a queira de volta. Acredito que não, mas não recusaria depois de algumas boas conversas. Eu sempre deixarei a porta destrancada pra você. (escrevo isso mesmo sabendo que pra você é diferente e não faz questão de voltar a falar comigo... e você não sabe como pensar nisso me corrói).

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Fragmento de "Cigarro"

Fumei um cigarro agora, quase quatro da manhã, e consegui sentir todas as toxinas batendo no meu pulmão. Meus dias estão cinzas. Cinzas como a ponta do cigarro.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Aquela não foi a última

O ano passou, estamos quase em dezembro
e nada aqui mudou, eu não consigo perceber
mesmo com todo esse tempo passando
à noite, ainda sonho com você.

Pego-me distraído no ônibus
ou enquanto estou fumando na frente de casa
em meio a tanto pássaro que voa por aí
esse sentimento, daqui, nunca bateu asa.

É estranho querer conversar com quem te quer morto
bizarro é sentir que ainda estou tão ligado assim
qualquer dia desses em que seu coração estiver levinho
meu número ainda é o mesmo. Manda uma sms pra mim?

O ano passou, estamos quase em dezembro
e nada aqui mudou, nem as pessoas a conhecer
mesmo com esse bocado de gente que tenho por perto
à noite, quietinho, ainda penso em te ver.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ask.fm

Hey!
Se você lê esse blog aqui há tempos ou se acabou parando aqui e nem sabe como, se quer me perguntar alguma coisa, agora tenho também ask.fm, criado há algumas semanas.

Vamos lá, faça perguntas pra mim!
http://ask.fm/angvstiado

04h14

Hoje já é sexta feira outra vez. São 4h12 da madrugada e eu não sei como faço pra dormir. Fechar os olhos e a tela do computador não basta. Desligar a televisão e apagar a luz não basta. Deitar a cabeça no travesseiro e me cobrir não basta. Em momento assim, de insônia, eu penso em você. É segredo, mas, eu penso, sim. Não deixa ninguém saber que eu ainda penso em você, tá?

Stars

O ponto alto do meu dia tem sido esperar a madrugada pra acender um cigarro enquanto olho pras estrelas. E elas também olham pra mim. Tão longe e tão brilhantes, vendo eu sentado na frente da minha casa como quem espera a morte chegar. Elas cochicham entre si, não entendem o que faço ali parado. Parece que as estrelas fazem complô contra mim ou que reprovam toda tragada que dou no cigarro. Às vezes fumo até mais de um. Gosto de sentir que as estrelas conspiram algo contra mim. Sei lá, vai que a resposta está nelas... Vai que elas vão fazer bem a mim. Não dá pra saber.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sigo você no tumblr, você me segue também e eu te acho muito gata.

Você me segue por toda parte em toda boca que diz seu nome
quando nos colocamos frente e frente minha cabeça gira, não tem jeito.
Sempre que vejo seu rosto desenhado em alguma foto por aí
solto o mais longo e sincero suspiro que tenho guardado em meu peito.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Giló

Preta, pretinha
das gatas que apareceram na minha vida
você é a que mais me dá saudade.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Circa

sinto vontade de dormir abraçado contigo
sentir seus cabelos irritantemente indo à minha boca
deixar minha língua com sutileza caminhar por sua nuca
experimentar do gosto que traz sua jóia de mulher.

desejo muito isso mas não sei se você também quer

deixar minhas mãos escalarem o morro dos seus seios
minha rigidez acabar esbarrando de leve em você
ver você se virar com o nariz encostado no meu nariz
ver sua boca deixar escapar um 'lindo' e terminar
essa sequência com um beijo demorado carregado de sono.
queria muito que fôssemos mais próximos
mais íntimos
onde toda cobrança mudaria de curso e acabasse sempre com uma risada.
queria muito te levar pra passear
mas
também
gostaria muito que ficássemos hoje aqui em casa,
na minha cama,
ouvindo alguns dos meus discos
bebendo alguns goles de chá e fumando o que a gente quisesse.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

The suicide file

Saí de casa às quatro da madrugada
sobre meu cabelo oleoso só caía garoa
Em sua casa eu me escondia na sala gelada
No teu navio eu comandava da proa.

Queria ter de volta todas as carícias que te dei
e ter dado todos os beijos que você recusou
Queria ter sido mais forte todo momento que fraquejei
mas ser forte nunca foi uma mostra de quem eu sou.

Te amo.

sábado, 19 de outubro de 2013

Tudo por causa de um cigarro

Em Curitiba. Essa é a cidade. Essa cidade abriga um coração amargo. O coração em questão é o do garoto Daniel. Daniel era um rapaz comum, que tira seu sustento da empresa Rodopan S/A. A empresa fica numa cidade vizinha e ele, Daniel, acorda todos os dias às cinco da madrugada para chegar no trabalho por volta das sete. Quando dá sorte, chega um pouco mais cedo e consegue bater o dedo no horário. Daniel tem vinte anos e sonha em ser arquiteto. Se ele estuda para isso? Não, ele pensa que a chance de se formar numa boa faculdade vai cair do céu.

Daniel mora com os pais idosos e é o mais novo dos filhos do casal Helena e Roberto. Daniel tem um vício incontrolável por cigarro. Se os pais dele sabem? Não. Não sabem. E Daniel tenta esconder o vício quando está em casa. Só fuma quando os pais estão fora ou estão dormindo. Os pais dele fumam há mais de quarenta anos e não querem isso parar o filho mais novo e não planejado. Vê-lo fumando mataria os pobres velhos. Mataria de verdade, já que o cigarro ainda não os matou.

Simone é uma mulher comum. Mora na mesma cidade que Daniel. Na verdade, ambos moram no mesmo bairro. O que divide um do outro é um muro de mais ou menos um metro de altura. Simone é cabeleireira e tira seu sustento daí, trabalhando em casa. Simone tem um filho de oito anos. O pai? Um aposentado da polícia militar que vive da aposentadoria. Se ele é fiel? Como um bom policial, claro que não. Ninguém na casa vê sair e ninguém vê chegar. Aos domingos, ele, Marcos - “Marcão” - faz churrasco e faz fervo para todos os vizinhos ouvirem. Ninguém da vizinhança parece ir com a cara dele. Cara chato do caralho.

Marcos trai sua esposa cabeleireira indo até bordeis da cidade. Come todas as putas que vê com o dinheiro que era para ser do seu único filho. Simone desconfia das picaretagens do velho Marcos, mas, ele tem muitos contatos na polícia. Se ela tentar deixá-lo, como já fez, ele a confunde dizendo que arma uma tocaia cheia de drogas como cocaína pelo salão da pobre Simone. Marcos era um porco.

Eles moram na casa de esquina e do outro lado do muro há a família de Daniel. Eles - Marcos, Simone e Daniel - não conversam entre si. O máximo que Daniel troca de palavras com Marcos é um “bom dia” quando ele volta da farra. Com Simone a mesma coisa. Quando ela volta do mercado, deixa escapar um “boa tarde” da boca. Daniel é simpático e ingênuo. Não sabe muito das malandragens que podem acontecer à frente de seus olhos. E uma coisa muito estranha o destino agendou para essas três pessoas.

Numa noite quieta de quinta-feira, Daniel sai até o portão para fumar um cigarro enquanto os pais dormem em casa. O que ele não esperava era ver ela, Simone, do outro lado do muro. A moça de quarenta e dois anos o chama para que possam conversar:

- Ei!
- Olá.
- Eu sei o que você está fazendo.
- Do que está falando
- Disso. Desse cigarro nos seus dedos. Seus pais não sabem que você fuma.
- Não sabem. Você não contaria, não é?
- Quem sabe… Podemos fazer um trato?
- Que trato? - Daniel joga a bituca na rua.
- Você faz sexo comigo enquanto Marcos está fora.
- Dona Simone, isso é errado… O que ele iria pensar? Isso é muito errado!
- Ou é isso ou seus pais ficam sabendo agora mesmo. Posso fazer escândalo, se quiser.

Com muito custo, Daniel aceita a proposta da moça.

Marcos a essas alturas estava voltando para casa de mais uma noite cheia de vodka e cigarros paraguaios. Ele já não tem amor por Simone, se é que um dia ele sentiu amor pela pobre mulher, se é que uma criatura como ele consegue sentir amor por algo ou alguém. Mas sabe quando a treta é forte? Ele não sente nada por ela mas odiaria vê-la com outra pessoa. Com ela, ele sabe, que o sexo é garantido, ainda que ela não queira ter seus cento e vinte quilos debruçados pelos seios enquanto geme sem prazer. Marcos era um porco. Um porco gordo e grande.

Aconteceu. Simone disse para Daniel pular o muro e fazer dela mulher, enquanto seu filho, criança, dorme no outro quarto. Eles fazem sexo. Gozam como nunca - para Daniel foi uma experiência e tanto, já que o rapaz era virgem. Tinha como vontade estampada no rosto, perder a virgindade com alguém que gostasse, em sua própria cama em sua própria casa. Bem, a vida nem sempre - nunca - é justa. É claro que depois da primeira trepada, ele acendeu um cigarro.

- Por favor, não conte nada aos meus pais. Você teve o que quis.
- Tudo bem. Eu tive o que quis e foi incrível. Há tempos não me sentia assim, como uma mulher. Se isso for pecado, posso ir daqui do quarto direto para o inferno.

Eis que um carro vem encostando do lado de fora, perto da árvore. É Marcos. E Marcos nem sonha que ‘sua mulher’ está na cama com o vizinho.

- Rápido, se esconda. É ele!
- É o Marcão? Caralho, mulher, eu tô fodido!
- Esconda-se logo, idiota! Ele é capaz de te matar!

Não mais que de repente, Marcos entra pela porta da cozinha e a bate com força enquanto diz palavras sem nexo. Marcos está bêbado e deu uns raios no puteiro mais barato de Curitiba. Chegou em casa para fazer a mãe do seu filho. Quando põe os pés no quarto, percebe que ela, Simone, está aflita. Pergunta o que há e ela não sabe responder. Atrás dele, saindo do banheiro, está Daniel, cobrindo o pau com a camisa tentando sair de fininho - porra, é só pular o muro, ele nunca descobrirá!

Ao olhar pra trás e se deparar com o menino nu, Marcos surta! Surta!

- O que está havendo aqui? Que palhaçada é essa, mulher?! - Hey, garoto, é melhor fugir mesmo!

Enquanto Daniel foge, Marcos pega sua 38 na gaveta do criado mudo do quarto e sai atrás do jovem. Enquanto ele pula o muro com a bunda de fora, Marcos acerta dois tiros em suas costas. Daniel morreu ali mesmo, com o peito esfolado pelo muro com os braços do outro lado… E tudo isso por causa de um cigarro.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Minúsculo

parado na passarela para pedestres do viaduto
tiro da mochila todos os nãos que me deste
todo sentimento que foi recusado por ti
carrego, agora, junto da mais triste cipreste.
pequei ao tentar lhe dar um pouco do amor
que trago dentro desse meu peito inflamável
jogado às traças estou nesse momento
apenas por ter sido uma criatura amável.
tu não sabes manusear um coração que é de carne
e ainda assim, pegaste o meu como experimento
toda promessa de amor que me fizera
tornou-se um amontoado de lixo jogado ao vento.
peguei todo o amor que eu tinha
que você chutou
misturei aos abraços e beijos
que você recusou.
neste meu canto de casa, ponho-me a morrer até me recuperar e poder amar de novo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Stay in solitude

Passei a tarde desta segunda feira sozinho em casa. Tive um fim de semana muito gostoso mas me senti mal do estômago, então, não fui à aula de hoje. Meu pai levou minha mãe ao centro para resolver uns problemas. Ela já tem sessenta anos e quer aposentar logo, porém, não sabe se vai dar para fazê-lo tão já.

Tive tempo de fazer muita coisa. Pensar sobre muita coisa. Experimentei por horas o que poderia ser uma prévia de como será morar sozinho. Tenho essa vontade desde um pouco mais jovem e cada dia que passa vejo esse sonho se realizando. Só que quanto mais eu penso nisso, mais fantasmas aparecem. É como tudo na minha vida. Se eu penso em fazer alguma coisa, por outro lado, invento razões para não dar certo.

Decidi aproveitar minha solidão - não só hoje, mas, sim, em todo momento que ela aparecer. Apreciar o fato de estar comigo mesmo. Apreciar as belezas do silêncio ou do canto dos pássaros perto da minha janela. Aproveitar a plenitude da solidão. Fui ao portão e fiquei lá por alguns minutos. Vi as pessoas que são minhas vizinhas andarem de um lado para o outro. Vi uma menina bonita que, agora, quero saber onde mora. Vi a cadela de estimação da Vanei. Vi conhecidos de anos passando de carro com som alto. Quando entrei pela porta da cozinha, tranquei-a. Coloquei o disco "Medo de avião" do Belchior para rolar e acendi um cigarro. Foi por medo de avião que segurei, pela primeira vez, a tua mão.

Colocando os prós e os contras se confrontando, percebi que ainda não estou preparado para morar sozinho. Talvez quando eu largar dos remédios ou comprar mais discos. Ainda não sei como me deleitar com esse meu banquete solitário. Ainda não estou pronto para ficar tantos dias, quem sabe meses, somente com a minha companhia. Tenho de aperfeiçoar isso para que eu me ame mais e, então, poder ficar mais tempo comigo mesmo.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

(tuas) mãos

aprendi uma valiosa lição sobre suas mãos
descobri que entrelaçadas às minhas
podem fazer o mais ardente fogo do nosso corpo
acender e transformar toda atmosfera
em um cantinho do mais puro e belo amor.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A morte

Puta que pariu. Morri. Não tô crendo nisso. Eu morri. Finalmente. Que estranho, se eu me fui, por que estou sentindo dor de cabeça? Meus ossos não mexem mais. Minha cabeça continua me dizendo coisas, mesmo assim. Ainda consigo pensar. De que morri? Qual foi a causa? Uma pena não ter nenhum dos amigos por perto para me falarem como é que isso aconteceu.

Morri cedo. Morri jovem. Como Ian Curtis que queria morrer com tal número, morreu antes. Morri antes. Aqui onde estou agora, tem como trilha sonora aquela música instrumental do Agalloch. Mais fúnebre do que a própria marcha fúnebre. Vai ver isso coincide com minha causa mortis. Queria ter algum dos amigos aqui para saber como foi que morri. Minha memória está omitindo esta informação. Tô achando isso tudo muito confuso. Por que ainda estou a pensar? Como faço pra me mexer? O que vem depois da morte?

Morri e morreram comigo minhas dúvidas. Elas vão me acompanhar pra qualquer lugar que eu for.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

E até quem me vê lendo jornal na fila do pão, sabe que eu te reencontrei

Eu queria conversar com você qualquer dia desses. Como se a gente se encontrasse na fila do pão aqui da padaria da esquina. Na fila do caixa ali do Mercadorama da Tiradentes. Bater no seu carrinho e pedir desculpas, depois, trocar um sorriso bobo e deixar escapar uma olhada pros teus peitos. Perguntar "e aí, como tem passado?" e você, de óculos aos olhos e mexendo o cabelo pra trás da orelha esquerda, responder "eu tô bem... eu tô bem.". Perguntar pra mim se eu dei rumo na vida, se eu parei de fazer drama, se as coisas funcionaram depois de tanto tempo. Eu responder que segui com a vida e até consegui me apaixonar outras vezes. Notar tuas unhas pintadas com vermelho vivo. Vermelho sangue. Sangue meu. Dizer "gostei dos sapatos" e você responder sorrindo "pois é, sabe como gosto de sapatos, não é?". Enquanto você pega no braço do carrinho cheio de compras, dá uma olhada de canto de olho e me fala "É..." como quem diz "e então, posso ir embora?". A minha ficha vai cair e eu vou sair da tua frente. Sair, de novo, da tua vida. Esperar que ela nos coloque cara a cara mais uma vez. Você casada com um filho (filho que você não queria ter com vinte anos de idade) e eu dando aulas de Geografia para alunos da oitava série. Minha barba continua a crescer falhada, minha barriga de chopp ainda é característica minha e meus tênis sujos ainda me acompanham. Você, no alto do seu 1 e 70 e tantos de altura, vai gostar de me encontrar. Dizer que se lembra de mim quando escuta "Oxygen" do New found glory (Como se alguém de trinta anos ouvisse New found glory). A vida há de nos colocar frente a frente mais vezes. Espero que eu esteja preparando para estapear sua beleza... Sério, acho que vou te achar bonita para sempre.

Meu celular denunciou um antigo amor que hoje já não habita mais meu coração, que não habitava os olhos. No final das contas, foi bom ver como você está bonita.

voltei alguns meses do ano
e me deparei contigo novamente
nada senti
foi bom lembrar como é teu rosto
como são teus sorrisos
e como tua boca é bonita
me deparei contigo depois de muito tempo
e lembrei de como cê é bonita
não resisti
e acabei curtindo tua foto no instagram

espero que nesta noite cê durma bem
e que teu dia de amanhã seja repleto de amor
um beijo
saudades.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

bio #2

Eu troco conversas com desconhecidos por um maço de cigarro. Minha barba espanta as garotas e meu sorriso amarelo não convida ninguém a conversar comigo.

a vida escrita à sangue

não sei mais como faz pra ter vontade de fazer as coisas
será que tenho de esperar mais um tempinho até as coisas se ajeitarem?
eu queria ser uma pessoa normal e ter sentimentos normais
mas os que tenho guardados no coração me destroem
feito o carinho das suas gélidas mãos.
queria ter decidido o que quero na vida, sabe?
escolher a roupa que vou usar amanhã
ou a faculdade que irei cursar no ano que vem.
queria ter vontade de sair da cama quando acordo
o dinheiro da previdência social devido ao meu caso de depressão
o psiquiatra não me deixa trabalhar porque diz que tô incapaz
de me relacionar com as pessoas.
sabe o quão triste é ouvir uma coisa dessas?
você se sentir incapaz de se relacionar com as pessoas é triste.
sabe quantos sonhos isso arruina?
e pra namorar? e pra eu entregar todo o amor que tenho no peito?
como que alguém vai sequer se aproximar de mim sabendo que tomo remédios fortíssimos só para saber como me relacionar com as pessoas?
talvez eu devesse entrar na psicoterapia...
eu tenho muita dúvida e amor dentro do peito.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

dor

perdido em alguma curva do teu corpo
encontro um modo de beijar sua nuca.
amo todas as vezes que grito contigo
amo todas as vezes que cê me machuca.
hahahaha, gostaria de escrever sobre coisas que vivencio.
mas aí nada disso teria muita graça. minha vida é meio sem graça.
aí tenho que me esconder por de trás da magia da poesia,
por favor, menina, arranha minhas costas até começar a sair sangue.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Acabou

Este corpo que hoje está inutilizável
teve como morte uma esperança tardia.
Ele fingia sempre que estava tudo bem
porém torcia pra ser atropelado todo dia.

Com fones de ouvido ao atravessar a rua
levando no bolso seu maço de cigarro.
Ele fingia sempre que estava tudo bem
porém de noite em sua casa efetuou um disparo.

Disparo certeiro, diga-se de passagem.

domingo, 8 de setembro de 2013

Soterrado de cimento III (final)

         Vou ao trabalho mais um dia - eu juro, algo me gritava que era a última vez. Caminhei o percurso todo a pé enquanto ouvia as canções mais preto e branco da Terra. Tão preto e branco quanto o céu. Tão cinza quanto o céu. Antes de sair, coloquei no bolso da camisa um pequeno pedaço de papel. Papel de um dos meus pontos onde o sobrenome estava errado. Escovei meus dentes com um creme dental vermelho. Sangue.
          Ao chegar no trabalho, ouvi as mesmas coisas. As mesmas piadas sobre meu uniforme estar sujo e sobre meu "cabelo de viado". Nem liguei. Aprendi a não dar bola pra isso. O foda é que qualquer coisa que dê errado no trabalho, eu já me sinto culpado. Sei lá. Acho que sou muito babaca...
          O dia não tinha exigido muito de mim. Já tive dias piores e mais estressantes, porém, acho que esse dia era meu limite. O topo do copo. Foda-se como chamarem, era o último dia naquele emprego.
          Me despedi dos mecânicos, dos caras da logística, expedição, da moça da cozinha e até do lavador idiota que eu tinha vontade de esfaquear. Dei um tchau caloroso, como se fosse mesmo o último...
          Oito e quarenta e nove da noite de uma quarta feira, ao lado da bomba de óleo. Dei tchau ao sr. José e ao 'Cabelo'. Subi na carreta dele e fiquei sentado até ele começar a acelerar seu Volvo/FH - Frota 71014. Fiz sinal para ninguém contar que eu estava lá e fomos. No momento em que ele teve de dar marcha ré, não pensei duas vezes e me joguei. Quando ele percebeu que tinha passado por cima de algo, correu para ver. Viu o que era. Viu que era eu. Eu esmagado pelos pneus 275/80 recapados com o peso de trinta toneladas da carreta. Em meio aos meus restos, sujos de sangue e pó - sempre o pó - ele viu um papel saindo do bolso da minha camisa. Nele estava escrita a frase "foi suicídio, a culpa não foi sua. fica com deus". Essa foi a última vez que fui pro trabalho.

Oito de setembro de dois mil e treze

Hoje é domingo. Acordei por volta das três da tarde e permaneci em casa o dia inteiro depois de ter uma noite de sábado um tanto quanto agitada. Com pessoas novas e as velhas pessoas de sempre. Só que tem uma coisa que não está me deixando em paz e acredito para que isso aconteça, eu tenha que escrever. Escrever mais uma vez sobre você, tão repetida nesse blog.

Acredito que o amor possa salvar vidas. Acredito que as pessoas precisam de amor no dia a dia para que as coisas fiquem mais leves e prazerosas. Se tem uma coisa que você me deu nesse curto tempo, foi a paz que o amor traz consigo. Hoje senti vontade de ouvir Brand new. Não sei mais se você ainda gosta ou não da banda, afinal, a gente parou de conversar tem uns bons meses e nossa última troca de palavras não foi lá aquelas coisas, mas, enfim. Eu te dei meu disco favorito da banda e espero que você ainda o guarde com carinho.

Acordei nesta tarde ensolarada de domingo sentindo saudade de você, C. Saudade mesmo. Penso que você nunca vá pôr os olhos nestas linhas mais uma vez escritas pra ti. Mas eu queria te contar que acordei com saudade. Depois que me disse adeus, eu demorei para me reestabilizar. Demorei, mas, aconteceu. Conheci gente nova. Me apaixonei. Recebi e dei amor. Mas uma coisa em mim nunca se apagou - o teu nome.

Eu queria te contar como as coisas estão. Queria saber de ti, também, como vão as coisas. Se você voltou pra faculdade, se você virou uma corretora rica na sua cidadezinha, se você está a namorar alguém, se foi ver a Sasha Grey em São Paulo... Sabe, queria saber se as coisas vão bem. Você ainda aparece na minha lista do whatsapp. Às vezes meus dedos coçam querendo te dar um oi, mas, eu sempre reluto. Você não iria querer conversar comigo e, talvez, pensar assim seja a coisa que mais mata todos os dias.

Hoje em dia eu não cogito mais a possibilidade de ocorrer um amor à distância, mas você, para sempre (posso dizer 'para sempre' com segurança) será a minha saudade mais gostosa e sincera.

Espero que você durma bem. Beijo e até quando quiser.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

bio.

Cumprimento-vos, leitores. Eis aqui a mais miserável alma a habitar um bairro chamado Santa Felicidade na cidade de Curitiba. A alma mais podre e mentirosa que não sabe como agir perante coisas difíceis. Botando culpa nos remédios da psiquiatria, botando culpa na chuva que cai. Que mente para seus pais a respeito de seu bem estar e que chora por dentro toda vez que lhe botam contra a parede. Esta alma, leitores, é semi morta. Fuma feito uma chaminé e falta muito às aulas. Um desperdício de dinheiro. Esta alma é um desperdício de espaço. Cansou de fazer tudo errado e prometeu que irá mudar... Mas, será mesmo? Ou essa será só mais uma promessa ao vento? Só temos de esperar o tempo responder se esse lixo vai começar a agir feito homem crescido.

Sacam "Isolation" do Joy Division? É assim que eu me sinto.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Entre um trago e outro

Sentado sozinho na calçada de casa, acendo um cigarro e vejo a noite passar. Avisto pássaros pelas árvores do Sr. Juvenal. Vejo carros passando pela rua molhada enquanto garoa. Noto cães de rua passeando famintos. Passa gente. A noite está confusa. Confusão dentro de mim. Guerra que explode, sentimento que queima. Queima que nem a ponta do meu cigarro. Silêncio. Só há silêncio e eu adoro isso. Consigo ouvir os pássaros nas árvores do Sr. Juvenal, as pessoas conversando enquanto voltam para suas casas. Ouço até a ponta do cigarro queimar o fumo. Tonteio por alguns instantes, mas, tudo sob controle. Meu coração já não se aquece na falta de um motivo. Os últimos dias têm sido violentos e eu estou me perdendo... Estou me perdendo...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Como?

Meu coração mais uma vez foi jogado ao lixo
depois de você manuseá-lo com tanta insensatez.
E agora no meio das músicas do Low eu pergunto
como é que faz pra acreditar em alguém outra vez?

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Assalto

Veio vindo até mim com seu curto cabelo loiro
pediu meu celular e todo o meu dinheiro
eu, assustado, disse que não
então ele sacou a arma e pôs contra meu nariz
bradando para dar meus pertences.
Eu, que não sou nada bobo, pedi para ele atirar
e assim ele fez.
Ufa… Acabou…

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sinal fechado

Sabendo do sinal fechado para pedestres, fui lá e atravessei.
Eu lá ia perder tamanha chance de me dar um ponto final?

sábado, 24 de agosto de 2013

Minha única companhia é o João Coração

Muito citada e disseminada entre os jovens de hoje em dia, nesta sábado, ela, a 'bad', pegou-me pelo braço e me arrastou até seu calabouço como há tempos não fazia. Um calabouço fundo, escuro e com um cheiro estranho para minhas mortais narinas. Hoje virei escravo dela. Hoje eu beijo seus pés humilhantemente na expectativa forçada de que isso me tire de suas mãos frias. E, puta que pariu, que mãos frias são essas... ?

É sábado e a vida corre bonita lá fora. O céu está azul, a temperatura agradável e mais uma pancada de coisas boas estão à minha espera. Minha bicicleta, uma visita à casa dos amigos. Meu videogame. Os cães de rua. O sorvete na padaria. As meninas de minissaia devido ao calor. Tudo isso me convida para um passeio e eu só sei recusar. Estou algemado de cabeça para baixo no quarto escuro da tristeza. Nas flores do mal que eu mesmo reguei e encarecidamente tomei conta.

É sábado. Sábado, porra! Você não fica triste num sábado à tarde. No sábado à tarde você sai de casa e dá risada. Não fica em casa sozinho (sozinho mesmo) sem expectativa de vida. O sábado à tarde é para se aproveitar. Meu subconsciente grita pra eu pegar minha bicicleta e dar uma volta pela vila, mas, meu corpo, ordena-me para ficar deitado em minha cama me esbaldando em um bocado de música triste.

Ambos sabemos o que causa minha tristeza, não é? Não nos finjamos de cego. Isto posto, pego mais um cigarro e acendo à minha janela enquanto João Coração canta suas canções para mim. Se perguntarem, diz que já morri!

(No entanto, pego o resto do meu maço de cigarros e meu isqueiro e saio de casa na busca de algo maior. De algo que preencha meu coração. Na busca desenfreada de que meus sentimentos bons tenham sucesso e, para mim, o amor volte com os braços abertos querendo me arrancar um beijo da boca. Mais Ludovic para meus ouvidos)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ouvindo ludovic quarta feira à noite

hoje a quarta feira está um tanto quanto esquisita
mesmo estando em meio ao amor
sinto-me como se nada durasse,
como se nada vingasse,
como se estar deitado embaixo de uma árvore de coisa boa não bastasse.

eu ouço ludovic e corto meu pescoço fora
minha garganta jorra sangue
um sangue fétido
um sangue desprezado
um sangue desprezível que nasce em um coração mole
que insiste em se jogar nas mãos de uma pessoa que mostra o menor dos afetos

boas sementes, bons frutos
como pude ter sido tão estúpido?
eu apostei tudo e eu perdi tudo
como pude ter sido tão estúpido?

ludovic é foda. acendo um cigarro.
quatro cigarros.
que merda, essa porra virou hábito.
tomara que me mate logo.

domingo, 18 de agosto de 2013

Encher-te de beijos

Nuca.
Mãos.
Pés.
Barriga.
Quero ouvir-te gargalhar.
Ombros.
Joelhos.
Pescoço.
E onde mais você deixar.

E.

(Tá meio confuso porque eu tô meio bêbado)

Acabo de chegar em casa
às quase cinco da manhã
Em nenhum momento do dia
você saiu da minha cabeça
(é assim que tenho vivido
há três dias).
Sabe quando você sente
e percebe que cada mínima
coisa que seu corpo ordenar
você fazer, vai acabar num
pensamento perdido no meio
dos teus cabelos negros?
É isso.
São quase cinco da manhã
e você na cama está a dormir
sonhando com as possibilidades
com os amanhãs
com todos seus ontens
e eu aqui, pensando em você.
Se eu esqueço de tomar meus remédios
ter sono se transforma em algo raro.
Sua voz, seu sorriso e seu piercing
só não me matam mais que seu olho claro.
Seu nome é muito bonito também
eu quero que cê não esqueça
que se a gente vai juntinho,
vai bem.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

:(

hoje passei o dia todo em casa
deitado na minha cama
com um baita dum sol de quase dezembro lá fora, no céu
brilhando para as outras pessoas que não pra mim.
não quis ir à aula hoje
deixei que o hugo fosse sozinho
coitado do hugo, tem ido muito sozinho às aulas
pois eu tenho faltado demais
minha mãe não diz, mas, sei que fica triste com isso
eu não quero fazer minha mãe triste
e nem o hugo
coitados, tão desapontados comigo
coitado de mim, com tanto medo do futuro
tanto medo que nem da cama consigo sair
lembra daqueles pensamentos todos que eu tinha?
é como se tivessem voltado
e estivessem comigo dentro do quarto.
eu e meus mil pensamentos ruins
presos dentro do quarto
brigando pela sobrevivência...
preciso matá-los para que não morra
mas
viver num futuro será, assim, vantajoso?
e se eu morresse hoje para meus pensamentos?
e se eu morresse hoje?

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Escrevendo sobre a solidão do rapaz que vive no centro da cidade

às vezes eu coloco dois pratos à mesa na hora da janta
pra fingir que não estou completamente sozinho na vida.
almoçar em casa eu já nem sei o que é
têm horas no dia que meu lar parece um fantasma.
às vezes também coloco um travesseiro a mais à cama
pra fingir que não dormirei sozinho mais uma vez.
mesmo sabendo que outra cabeça não se deitar
certo dia até comprei duas escovas de dentes
pra ficarem uma ao lado da outra em meu banheiro.
como se a escova que sobra tivesse boca a que escovar.
comprei camisetas baby look femininas pra pôr em meu guardarroupas
fiz das tripas coração para conseguir duas alianças
e nada conseguiu me livrar da solidão que assola meu peito inflamável.
compro duas carteiras de cigarros esperando que apareça alguém que me file um.
pinto quadros de pessoas sorridentes
picho frases de amor pelos muros da cidade
à espera de alguém que chegue para confortar meu coração.
por enquanto, sigo sozinho.
espero que esse 'por enquanto' não seja eterno
because I'm human
and I need to be loved.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ouca

cabelo curto, sardas, sorriso amarelo e olhos bem claros
tudo vestido com óculos, roupas curtas e uma touca.
o jeito como me domina sempre me deixa em apuros
quando estás a me chamar com tua deliciosa voz rouca.

tu pertences a outro planeta de tão linda que pareces.
algumas pessoas, até, chamariam-te de louca.
minhas pernas querem dançar com as tuas, concedes?
meus beijos querem se perder dentro de tua bouca.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Outro maço de cigarros

Depois que me disseste adeus
procurei, nessa cidade, uma fuga.
Encontrei num maço de cigarros
a minha tão esperada ajuda.

Depois de tudo, comecei a fumar.
Posso te chamar de câncer.
E toda vez que tusso
lembro de ti.
Vem-me o teu rosto à cabeça.
Que merda...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

One more night. One more day.

uma noite fria
sucessor ao dia corrido
desafio você a chegar em casa e não se sentir pequeno.
uma gota de água
tem o mesmo peso
do orvalho das folhas ao sereno.
você chega em casa
não há um gato que lhe peça comida
não há um cão que abane o rabo
feliz por ver você.
não há alguém que passe um café para você
nem alguém que ouça como foi seu dia.
ao tomar banho
não há sabonete
e quando escóva os dentes
é sempre com a escova nua.
parece sempre que falta alguma coisa, não é?
quando sai do banho
liga a televisão até cair no sono
mas o sono não vem e no lugar dele vêm pensamentos
"por que ainda não comprei um carro?"
"por que não saí com a luana anos atrás?"
quando você pega sua chinela e se dirige ao quarto
sente sempre falta de ter o outro lado da cama ocupado.
mais uma noite de solidão
antecessor ao dia que também será solitário.
parece sempre que falta uma coisa, não é?

terça-feira, 23 de julho de 2013

O amor é um demônio desgraçado que vive a me passar rasteiras

Fui lá fora e acendi um cigarro.
Junto dele, queimando, está meu peito
que abriga meu inflamável coração.

Abrigado comigo, por baixo da pele
está você
capaz de confundir meus sentidos
capaz de acender
com meu cigarro
o que eram, até agora, apenas cinzas.

Depois desta noite
não quero saber de ti aqui.
Não quero mais teu sorriso branco
nem teu nariz arredondado.

Por favor,
por favor...
me deixa dormir em paz.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tentando fazer um soneto de madrugada que chegue pelo menos perto do que o Gregório de Matos fazia inclusive com um título extenso

um turbilhão de água cai sobre sua pele
molha sua cabeça enquanto você pega a bucha
dentro de você aquela flor que era viva hoje é murcha
e em meu peito não há mais nada que por mim zele.

enquanto tu molhas tua cabeça na água fria
o sabonete te tira do corpo o que te suja
mesmo que dali o teu corpo já não fuja
junto da pretidão da pele, pelo ralo vai tua alegria.

então, quando você desliga o chuveiro
pega a toalha e vê que ela está molhada
e, mesmo gelada, seca teu corpo nu

enquanto teus pés saem do banheiro
cada batida do coração parece uma facada
e no almoço do teu amado já não estás no menu.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Fotografias

tá fazendo muito frio
e do nada, revendo fotos da minha infância
pensei em você
olhando meus parentes que já estão mortos
os bebês sorrindo que hoje não passam de pessoas tristes
cachorros e gatos que tinha quando criança
minha tia que brigou com meu pai
meu irmão que brigou com minha tia
todos unidos e felizes e contentes
e no meio disso tudo, veio-me você
de certo alguma lembrança
algo parecido
sei lá...
não sei...
vai ver eu só procuro desculpas esfarrapadas para pensar em você o dia inteiro.

sábado, 13 de julho de 2013

Sobrou alguém que você não condena?

por tantas vezes posto a dormir solitariamente
com uma imensurável desrazão de ser
junto das memórias que tua voz insiste em me gritar
eu luto numa luta sozinha para o teu nome esquecer.

dentro do corpo acontecem rebeliões
uma fuga de rebeldes se rebela contra o rei
acabo sendo derrotado por mim mesmo
acabo, por ser, meu próprio carrasco
em frente à multidão que clama pela minha morte
vejo a rapariga que eu tanto amei.

por tantas vezes posto a dormir forçadamente
à base de um banquete sortido de cápsulas coloridas
durmo quase o dia todo e não machuco ninguém
parece bom, porém
toda cicatriz morta que eu tinha, transforma-se em novas feridas...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

sad days are here again

Há meses penso que a frase "sad days are here again" faz tanto sentido. Depois de tanto tempo escrevendo aqui, queria poder contar que vivo de alguma forma diferente, mas, tudo o que liga a mim, está embutido na frase "sad days are here again". Eu adoro esse blog e adoro vocês que lêem, doces leitores-fantasma, mas, penso que algo em mim deve parar. Ou é o blog ou é o resto da vida.

A frase "happy days are here again" também me entristece.

Casa é aonde está o coração?

passar dias fora de casa
rodeado de amigos
de gurias
com bebidas
com cigarros
gargalhadas
lágrimas
lágrimas de tanto rir
dores de barriga
dor de barriga de tanto rir
dor nos pés de tanto andar
bolso pra fora da calça
cartão de créditos estourando
dinheiro da carteira a ir embora
e quando você chega em casa
mesmo depois de tudo isso
morre por dentro
e se sente mais sozinho do que nunca.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Amêndoa

Olá.
Lembram-se do outro blog que coloquei aqui esses dias? Era sobre uma estória que eu estava a escrever com uma amiga de São Paulo, coisa e tal. Se não lembram, cá vai ele: A cidade que me quer morto.
Bem, algumas coisas devem ser esclarecidas acerca do blog, da minha amiga e de nossa estória. Coisas não muito boas, até.

Primeiro:
Eu estava muito contente com o convite que ela havia me feito para escrever junto a ela. Nunca fomos próximos amigos tampouco nos conhecemos de olho a olho, mas, sempre que conversávamos pelo finado MSN, era, sim, uma coisa agradável. A presença virtual dela era uma coisa legal. Cigarros, coca cola e gatos. Enfim, o importante é que eu adorava me relacionar contigo, Amêndoa.

Segundo:
Escrever esta estória foi uma ideia deliciosa que eu adoraria levar para frente. E estava levando. Agora vou soltar às linhas o que está a me acontecer...

A Amêndoa, minha (ex-?)amiga, cortou relações comigo e nosso projeto, pelo visto, foi pelos ares. Deletou-me do facebook e não responde aos meus e-mails. Sinto algo muito triste ao escrever sobre isso, pois, pela primeira vez na vida, estava a escrever algo que eu via um certo futuro. Porém, fui abandonado. Abandonado pela minha amiga e este post é pra dizer o quão triste estou por conta disto.

Beijo, Amêndoa. Precisava mesmo ter me abandonado assim?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mais música

Bright eyes - It's cool, we can still be friends

Yeah, you still kiss me, but it's just on the cheek
Yeah, you still kiss me, but it's just on the cheek
Yeah, you still kiss me sometimes, but it's just on the cheek
You pull away so easily

And I still call you, but I get your machine
And I still call you, but I get your machine
And if I'm lucky I guess, I get your roommate answering
But you're at the bar, or at Gene's

And we go to dinner, but you won't hold my hand
We sit at the same table, but we don't play with our feet
Yeah, we still go to dinner sometimes, but we don't sneak a kiss
When the waitress turns around

And we still watch movies, but we don't share the couch
And we still rent movies, but we don't share the couch
Yeah, we still watch movies sometimes, but you don't lay in my lap
The plot is slow, take a nap

And you even stay over, but now we stay in our clothes
Yeah, you'll even sleep over, but now we stay in our clothes
Yeah, you even sleep over sometimes, but we stay in our clothes
I'm only there so that you're not alone

And you say that I hurt you, in a voice like a prayer
Yeah, you say that I've hurt you, and your voice is like a prayer
Yeah, well maybe I hurt you sometimes, but let's contrast and compare
Lift up your shirt, the wound isn't there

I guess that your truth, is just the ghost of your lies
I guess your kind of truth, is just the ghost of your lies
Yeah, your kind of truth, darling, is just the ghost of your lies
I see through them all the time
So I'm pouring some whiskey, I'm gonna get drunk
Yeah, I'm pouring myself some whiskey, I'm going to get really fucking drunk
I'm pouring some whiskey right now, I'm going to get so, so drunk
That I pass out, forget your face, by the time I wake up.

São 05h25...

... Deixe-me dormir, porra. Saia dos meus sonhos!

domingo, 7 de julho de 2013

A lua

numa noite dessas eu filei um cigarro da minha mãe
não havia nenhum corpo vivo em casa
fui até a calçada
e acendi aquele cigarro
e aproveitei cada tragada como se fosse a última
enquanto fumava, olhava para o céu
é noite, não há estrelas, apenas uma lua solitária

- olá, dona lua, por que estás tão sozinha?
- todas as estrelas me deixaram. ninguém me convidou para sair.
- a senhora está bem?
- estou... estou... estou, também, acostumada a brilhar só por este céu imenso. mas, e você, o que houve?
- eu estou bem, só vim fumar um cigarro com você. espero que não se importe. também tenho me sentindo sozinho e vivido com uma baita saudade que bate forte em meu peito. meu coração bombeia saudade às veias. meu coração é todo saudade, dona lua...

foi nessa noite que me apaixonei pela lua
depois disso vou sempre lá fora pra ver como ela está
às vezes há estrelas ao redor dela e ela me parece feliz
eu queria mesmo era estar feliz feito a lua
rodeada de estrelas quase todos os dias.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A vida toda é saudade.

Olhei pela última vez nossa última foto juntos e senti, novamente, o gosto amargo de saudade. Não de ti, em si. De ti também. Mas mais do que saudade de ti, foi saudade daquilo tudo, da bela atmosfera, da sensação de bem-estar. Saudade do beijo na boca e do abraço demorado. Do "fica aqui" ou das brincadeiras que a gente inventa quando está apaixonado. A vida toda é saudade.

sábado, 29 de junho de 2013

O melhor sonho que já tive na vida

Essa noite tive um sonho muito confuso
onde eu me relacionava com pessoas desconhecidas.
Bebia tudo o que via
comia tudo o que vinha
fumava tudo o que aparecia
e, no sonho, nunca havia me sentido melhor
era todo mundo rindo de qualquer coisa
mas rir, rir mesmo
rir até chorar
até soluçar
até quase vomitar.
Muito confuso
quanto mais tapa na cara e puxão de cabelo ela levava
mais abraço e beijo na boca eu ganhava.
Muito confuso
porém
uma delícia.
É isso o que eu quero pra vida
que esse sonho se torne realidade qualquer dia.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Noites gostosas de Curitiba

A beleza exterior de cada pessoa
é a primeira coisa que teu olho nota
é como se fosse uma roupa cara
colocada na mais bonita vitrine.
Essa noite foi de uma beleza completa
pois, sem querer, conheci pessoas bonitas (por fora e, pelo visto, por dentro)
obrigado por terem feito minha noite, Bianca e Ramine.

(desculpa se a grafia está errada. Enfim, foi muito bom ter conhecido vocês).

(minha forma de agradecimento.)

domingo, 23 de junho de 2013

I would set myself on fire for you

Estou a viver um momento estranho
do céu está a cair uma chuva de gin
raios, pego-me sempre a perguntar:
"Por que alguém se apaixonaria por mim?"

I would set myself on fire for you.

Toco até violino para te ver sorrindo
vou nadando daqui até o Egito.
Ah, tu não gostas do meu sorriso?
Desculpe por não ser mais bonito.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sangue e fogo

A cidade está a queimar e o que urge fazer é enforcar o último rei com as tripas do último frade. Responder à sangue e fogo a violência da polícia. Patriota continua a rimar com idiota.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quando meu vício em Axonium e Efexor tem uma pausa, quem sofre são meus demônios

Esqueci de tomar os remédios na noite passada
agora estou morrendo com meu comportamento
quanto mais o tempo sem remédio tá passando
mais dentro de mim nasce alguém violento.

Tenho vontade de xingar a todos
tenho vontade de quebrar tudo
queria não me esquecer de tomar os remédios
queria, agora, sumir desse mundo.

Agora os tomei numa tentativa desenfreada de parar com esse sofrimento
na vitrola coloquei meu disco favorito do Belchior
desculpe, caro leitor, por fazer você ler tamanha bosta
é que escrever na internet me deixa melhor.

Hora de dormir pra não machucar ninguém

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O encontro de doutor António com seu paciente mais querido

(António Coimbra, 39)

          Dia desses conheci um rapazinho que me chamou bastante a atenção. Neto Lisboa era seu nome. Ele entrou pela porta do meu consultório - que também é minha casa - e sentou-se à mesa como quem pedisse licença ou estivesse acuado. Ele não parecia ter confiança em si próprio. Disse que veio até mim na busca desenfreada por paz dentro de casa. Disse que já não aguentava brigar com os pais. Neto tem apenas vinte anos, mas, carrega uma coluna de setenta. A barba é por fazer e tem olheiras. Ao menos os dentes eram bonitos. Não eram brancos, eram amarelados, mas tinha um bom hálito. Sorriso tímido e estranhamente chamativo. Era um bom menino. Mais do que conversas, Neto buscava um amigo. Alguém que o não risse das coisas bobas que ele dizia, dos planos mirabolantes de mudança de vida e nem que achasse que ele era um idiota sem fé no futuro. Neto queria companhia.

           - Olá doutor - disse sentando-se à mesa - venho atrás do senhor porque não aguento mais me sentir sozinho. Eles dizem que eu pareço não ter vontade nenhuma na vida, mal sabem eles, que minha vontade de morrer é a maior que há. - tremulava as mãos e coçava a orelha direita. Me ajuda, doutor!
           - O que podemos fazer com você, hein? Tu me chegas aqui e me diz uma coisa dessas. Isto é muito pesado. Vamos, aperte minha mão. - timidamente ele segura minha mão direita e a balança - pronto, agora estamos apresentados. Podemos ser amigos.
           - O senhor já sentiu vontade de morrer, doutor António?
           - Nunca.
           - Então o senhor não sabe o que estou a passar na vida. Levanto da cama e escovo os dentes, cada ato que faço, é uma vontade de morrer diferente. Afogado, degolado, espancado... Qualquer forma que possa me livrar de viver.
           - E por quê? Digo, o que te fazem para que essa vontade venha?
           - Penso que seja alguma forma suprema que me comande. Vivo bem, meus pais não merecem um filho como eu porque já sofreram muito na vida. Essa vontade é infundada, eu odeio sentir.

           O menino começa a chorar. Ofereço-lhe lenços de papel que me são negados e, de repente, um soco cai sobre minha mesa. Pergunto o que ele está a fazer e tudo o que ele diz é que 'precisou' fazer aquilo. Para quê? Não sei. Alguma coisa me chama a atenção neste menino...

terça-feira, 11 de junho de 2013

"A cidade que me quer morto"

Como disse há alguns dias, estou num projeto com uma amiga que mora em São Paulo. Estamos escrevendo "A cidade que me quer morto" e temos um outro endereço: A cidade que me quer morto.

Se vocês quiserem acompanhar, o endereço tá ali. A gente vai estar atualizando conforme o tempo nos permitir. Vai virar livro essa porra!

Beijo doce.

Memória

Tenho notado uma melhora em mim dentro desses meses desse ano
quando músicas param de fazer sentido
ou param de machucar seus ouvidos
quando nomes de pessoas deixam de fazer sentido
quando você começa a esquecer datas
a esquecer dialetos que a gente inventou
pois eles já não parecem vir com precisão.

Estou adorando me sentir assim
mas ao mesmo tempo me dá um frio
um frio...

domingo, 9 de junho de 2013

O velho

Tenho 56 anos e moro perto de antena de celular porque quero
eu poderia muito bem morar no centro perto dos bares
perto dos botecos
das pizzarias
dos shoppings e outras coisas
poderia morar no meio do mato
isolado de toda vida humana
mas prefiro morar perto das antenas de celular
poderia morar no Água Verde
tenho dinheiro para comprar um apartamento por lá
mas prefiro morar na parte mais alta da cidade
perto das antenas de rádio e de celular
dizem que assim é mais fácil pra ter câncer
porra
eu tenho 56 anos e não tenho filhos
já estou a fazer hora extra
quero mais é morrer logo.

Peso

Desce gole de cachaça
desce, também, gole de vinho.
Enquanto o tempo tá passando
vou ficando mais sozinho...

... E o tempo pesa, cara... O tempo pesa...

domingo, 2 de junho de 2013

Several ways to die

Pode ser de câncer
ou podes ter um derrame
se for um suicídio só vão lembrar do vexame.

Pode acontecer de ser atropelado
ou, se tiver sorte, vai ser de velhice
num tempo em que toda brincadeira vai soar como criancice.

Às vezes vai ser de tiro
nunca se sabe
o importante é dizer tudo antes que seu tempo acabe.

Facada
pancada.

Pode ser de coisa simples
morrer de sono
morrer de fome
morrer de prazer, como quer toda mulher e homem.

De doença
ou de tesão
de qualquer maneira que encha-te o coração.

Pode acontecer de acabar a vida simplesmente com uma mentira
(tem gente que morre por coisa pouca)
morrer de tanto gritar e acabar com a voz rouca.

Acabar com problema no fígado
ou até mesmo na garganta
passar do lado da morte e ficar o resto da vida coberto por uma manta.

Tu podes até escolher a forma que preferir

Morrer de frio
ou morrer de calor
ou fazer como eu, que escolhi morrer de amor
porque é isso o que tá tendo
igual ao ditado do poeta
"tão bom morrer de amor
e mesmo assim continuar vivendo".

sábado, 1 de junho de 2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Chuva

Fui à janela da frente e acendi um cigarro
enquanto riscava o fósforo
na rua
um mar feito de água da chuva se formava
com o cigarro no canto da boca
dirigi-me até a vitrola para colocar o disco do Vicente Celestino
como estou há meses sem trabalhar
essa pequena quebra de rotina é o que de mais extraordinário consigo no dia.
A chuva cai bonita do céu
cai e bate com força no asfalto preto da rua
como se fossem um casal brigando
brigam e depois fazem as pazes se transformando em apenas uma só coisa:
o chão molhado.
Na metade do cigarro me invade uma vontade de me molhar
as cinzas caem sobre minha mão esquerda
pego-me em lágrimas por algum motivo
(eu juro, às vezes desconheço o porquê de chorar)
é estranho, eu sei, mas, chorar nem sempre é tão difícil
com a bituca de cigarro eu queimo meu pulso
e vou adiante nessa montoeira de água que cai do céu que já é escuro por causa da noite.
Dentro da chuva, deitado no asfalto, vejo como a vida pode ter um lado positivo
da sala de casa ouço o Vicente
que será que Vicente está a fazer agora? onde será que está Vicente?
as gotas da chuva caem e me salgam
me banham
me preparam para dormir
no meio da rua, à toda velocidade, vem um ônibus
será que desvio? será que não desvio?
quando me chovem, caem também muitas dúvidas em mim.
Acabei que nem desviei.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Yasmim

Nunca vi teu olho de perto.
Nunca ouvi tua voz no ouvido.
Porém, sempre gostei de ti
e até já pensei em ser teu marido.

Teu sorriso eu sempre achei bonito.
Não vou negar que notei teus seios.
Porém, você morar longe me desanimava
aniquilara todos meus anseios.

Tu sumiste. Perdi-te de vista.
Sabe-se lá aonde estás escondida.
Se um dia isso chegar a teus olhos
(sei que gostas de ler)
quero que saibas que sempre te achei linda.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Parece que

Às vezes parece que estou bem
que eu superei tudo o que eu tinha pra superar
porém
em outras vezes
parece que tudo volta à estava zero
e eu tenho que lutar contra os mesmos monstros
e esquecer das mesmas coisas
e parar de pensar nas mesmas pessoas.

É como se eu tivesse que apagar as pessoas da memória
apesar de estar na luta para fazer isso há meses
mas, sei lá...
é como se tudo tivesse voltado, saca?
Vocês nem se falam mais
mas
dentro de você é como se algo ainda estivesse a queimar
por que teve que acabar assim?

Às vezes parece que estou bem
às vezes parece que não superei
na maioria das vezes
eu só queria morrer.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Parte de 'ACQMQM'


“- Eu meio que gosto de você. Você parece que chora bastante.
- E como você está se sentindo? – perguntei sussurrando.
- A respeito de ti? Não sei. Sinto-me confusa. É como se eu quisesse passar dias inteiros ao teu lado. Sem ir ao trabalho. Sem ir ao supermercado. Sem fazer absolutamente nada. Só ficar o dia contigo.
No ato, dos meus lábios, saiu um singelo e tímido sorriso... E um beijo selou a conversa.”

Logo mais isso vai estar numa estória que estou bolando com uma amiga, a Amêndoa.
Um novo blog vai sair.
Muitas coisas acontecerão.

Espero que vocês gostem, né...

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dia e noite

Tenho invertido as funções do dia e da noite
pela madrugada tomo meus remédios com skol.
Enquanto fico acordado quando o céu tá preto
esqueço qual é o poder e até qual a cor do sol.

Brand new

Peguei-me a chorar ouvindo "The boy who blocked his own shot".

São coisas que simplesmente acontecem. Sem querer.

Outro coti di anos


Meus horários de sono, agora, são muito estranhos. Acordo entre as duas e quatro da tarde e durmo entre quatro e seis da manhã todos os dias. Isso tem feito meu cérebro fritar. Mal tenho visto meus amigos nos dias de semana e nem sei como é andar na rua. Sem falar do quão imprestável tenho me sentido. Amanhã, farei a matrícula num cursinho pré-vestibular. Quer dizer que terei com o que me ocupar e tentar não pensar coisas ruins (as mesmas velhas coisas ruins...). Vou parar de me sentir tão inútil e, quem sabe, consiga ser mandado embora do emprego ou continue encostado. As coisas que me batiam direto na cara se foram. Não penso mais em ex namoradas ou isso tudo. Agora, quem não me deixa dormir, nem sabe a cor do meu olho. 

P.S.: Coração do meu céu, por favor, não se vá tão cedo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Un feu qui se balance

Eu queria pegar um monte de batom caro
pra escrever nas paredes do meu quarto
esse branco todo é muito pálido
estupidamente sem graça
e eu queria botar nelas minhas frases de amor
e algumas frases bonitas que vejo por aí.

Queria pichar meu quarto de spray
ou com aqueles canetões de tinta
escrever coisas bonitas que não se vê na televisão
escrever que te amo e que tu és minha razão
que tudo sem você, vira nada
escrever na parede sem ter que usar escada
escrever que te amo.

Um monte de batom ou um monte de spray
ou até mesmo tintas suvinil
qualquer coisa que pudesse botar na parede
palavras como "true love will find you in the end"
ou "tudo vai ficar bem"
mas eu ando muito triste
e não tenho grana pra comprar nada dessas coisas...

... então, continuo escrevendo tudo com meu sangue.

domingo, 5 de maio de 2013

Adeus

Não vejo mais sentido nas coisas que faço
por conta disso não quero mais ligar a tv.
Pode parecer loucura no começo
mas começarei a pensar
que daqui pra frente
será melhor sem você.

Espero que pare de sonhar com teu rosto
e com tua voz em meu ouvido a sussurrar.
Não quero mais encontrar o teu nome
e nem que seu fantasma
continue aqui comigo
sempre a me assombrar.

Espero que vá embora de mim
não quero mais te servir de abrigo.
No entanto, saiba que aqui em Curitiba
por mais distante que estejamos
em mim
sempre encontrará um amigo.

sábado, 4 de maio de 2013

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Nunca poderia te dizer...

Certa vez, quando eu estava na sexta série do ensino médio, uma garota gostava de mim. Eu não gostava dela do mesmo modo. Até que um dia ela me deu uma carta através de sua irmã. Uma carta que eu nem cheguei a ler de tão infantil que eu era nesse lance de amor. Às vezes, quando estou sozinho, penso nas coisas erradas que fiz, e essa é a lembrança que mais me perturba. Acabou que, com o passar dos anos, tornei-me um conhecido desta menina, mas, nunca esqueci o quão babaca foi aquela criança gorda que eu era.

Me perdoa, Paola.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Não vou negar que sinto saudade

Não me farei de forte.
De chorar não terei vergonha.
Não me vejam com maldade.

Já é o segundo dia de maio.
Tantos meses se passaram.
E eu não vou negar que sinto saudade.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Agora dói passar perto daquele lugar

Cláudia engravidou logo depois de terminar o ensino médio.
Ricardo que era seu namorado, hoje, beija a boca de Marcela.
Pedro virou treinador do time de futebol amador do bairro.
Quase a mesma coisa que aconteceu com minha prima Stella.

Evaristo foi pro exército sem ao menos terminar o colégio.
Hoje joga futebol americano com outros trogloditas.
Roberta, que namorava Felipe, agora segura a mão de José.
E trabalha num aviário especializado em calopsitas.

Luma começou a trabalhar na padaria da minha rua.
Saiu do casamento de quatro anos com Gabriel.
Ela sempre foi apaixonada por outro cara, Diego.
Mas era sua amiga Paloma quem sempre a levava para o céu.

Gabriela, que não vejo desde a quinta série, também casou.
Arrumou um bom partido na outra cidade em que foi morar.
Arthur foi um cara que me surpreendeu e virou padre.
Este fugiu do normal dos amigos e nunca irá se casar.

Luana começou a trabalhar num mercadinho na região metropolitana.
Ela ainda não superou o suicídio de Bruninho, nosso colega.
Robson deixou o cabelo e as costeletas crescerem.
Para tentar o sucesso dentre os menos conhecidos cantores brega.

E quanto a mim, ah, eu tô sempre por aí.
Indo ao trabalho e tomando minha cerveja.
Ainda não consegui esquecer de Mariane.
Que tinha a boca doce feito cereja.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Luciano

Luciano acordou para um novo dia. Um novo dia com novas oportunidades. Sol rachando sua cabeça, vento bagunçando seu cabelo, camisa xadrez ainda suja da mancha de café que derramara na noite anterior. Fones de ouvido e tênis sem cadarços. Ele vai ao trabalho pelo caminho bonito. O caminho do centro da cidade, onde passam milhares de pessoas todos os dias. Luciano sonha em se apaixonar por alguém fazendo esse caminho. Por isso, sempre que vai ao trabalho, enquanto anda, encara timidamente as pessoas nos olhos, esperando que elas retornem o olhar com calor. Isso sempre acontece. Às vezes, meninas até mexem no cabelo quando rola uma coisa dessas. Garotos também se apaixonam por Luciano. Ele sempre ganha o dia indo pro trabalho. Ele sabe aproveitar cada momento antes de levar esporro do chefe. Apaixonar-se na rua, ônibus ou no metrô... ah, que delícia! Como é bom ser descompromissado.

Desires

O que eu quero pro futuro não é nada extraordinário
são apenas algumas carícias que quero ganhar.
Ter o coração e o corpo aquecidos por outra pessoa
e um felino preto e branco na barriga a ronronar.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mudança

Mudança no coração.

À partir de hoje, não escrevo mais sobre o passado no amor.
Não vou me fazer de forte e não poder suportar a dor, só vou, sei lá... Deixar ir.

Não é assim que dizem? Se o ama, deixe-o ir.

Beijo quente pra vocês.

Aline, eu adoro seus textos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Terça-feira gelada

Hoje foi a primeira vez que chorei em dois meses. Sei lá. Invadiu-me uma angústia tremenda que me pegou desprevenido. Na timeline do facebook, apareceu uma foto dela (foto que eu já tinha visto no instagram), só que, ao ver pelo facebook, bateu no meu peito uma saudade do dia em que a conheci. Sabe? Saudade. Saudade de ter ido à São Paulo só para poder dar-lhe mil beijos na boca, como fiz. Saudade de dar mil beijos na boca. Parece que, ao ver a foto no facebook, ver ela interagindo com outras pessoas nos comentários da foto, parece que isso me deu um tapa na cara, aí me veio este sentimento. Feelings pesadíssimos.  (Se um dia você ler isso, saiba que, apesar desse tempo todo, 'bem do lado interior do coração ainda mora um forte afeto por você').

Saudade de ser o namorado.

Decidi que toda vez que eu me sentir assim, vou dar play numa canção muito bonita do Bruno Morgado, um dos artistas portugueses que tenho ouvido diariamente há meses. A letra dela fala de um casal que se separou, mas, que mesmo depois de tanto tempo, ainda há resquícios dela na pele e nos dias (ou noites) dele. A letra dessa música é a coisa mais linda do mundo.

"Só tu me fazes ficar toda noite sem dormir"

A música é essa. Grande paixão de Bruno Morgado

Grande paixão

vivo todo dia
agora
com um sentimento de que
pra frente
tudo vai se renovar.
vejo com um certo otimismo
coisas que antes me maltratavam
mas ainda tenho phantasmas
que me deixam de joelhos
e me batem na nuca com toda a força do mundo.
"pode ser que tenhamos novas oportunidades
para sermos felizes
pode ser que ainda dê.
miúda
abre os olhos
'por que me fechaste as portas?' é a grande questão
eu pergunto à multidão
mas ninguém sabe me responder.
só tu me fazes ficar toda noite sem dormir."

segunda-feira, 22 de abril de 2013

dez meses

dez meses é um tempo curto para se perder uma pessoa.
é um período... caralho, que palavra usar?
dez meses parecem dez anos quando você perde alguém.
porém, quando você menos espera, já está apaixonado por outra pessoa.
e prometendo as mesmas coisas que havia prometido.
e cometendo os mesmos erros que havia cometido.
só que agora com outra pessoa.
o erro só muda de endereço.
o erro ainda é o mesmo.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Saudade do que não vivi

hoje sonhei que estava junto de uma garota bela
com sardas no rosto e os dentes levemente amarelados
dona de uma gargalhada gostosa
daquelas que você ouve e ri junto
dona de uma boca sedutora e provocante
nua de batom e de gloss
porém, dona de um beijo quente.

no sonho, estávamos na sala da minha casa
cobertos por cobertores devido à friaca intensa
lá fora fazia uns cinco graus e o céu estava cinzento
parecia que iria chover a qualquer momento
só que
para nós
pouco importava.
o mundo poderia muito bem se explodir lá fora.

ficamos pertinhos um do outro
ouvindo uma fita da lana del rey no nosso aparelho antigo de som
it's you, it's you, it's all for you.
everything I do.
contávamos histórias de nossas vidas
histórias trágicas e engraçadas
e, algumas, até, tragicamente engraçadas.

foi o melhor sonho que tive esse ano
agora escuto lana del rey
pra ver se essa garota vem até mim.

eu não queria ter acordado.
poderia estar em coma agora sonhando com ela outra vez.

saudade do que não vivi.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sem 'você'

como dói escrever alguma coisa bonita
falando de amor ou de dias longos e felizes
escrevendo "você" em cada frase
mesmo que esse "você", hoje, não exista.

parece que é viver uma mentira
mas tudo o que faço
é tentar colorir a branquidão das minhas paredes
dar cor e vida à minha escrita
mesmo que 
hoje
não exista nenhum você.

sem você é tudo tão sem graça.